Impacto do Cultivo em Clima Subtropical Sobre o Desenvolvimento de Variedades de Oliveiras

Abstract

A olivicultura brasileira está em crescimento, destacando-se pela qualidade do azeite e pelo impacto socioeconômico. O estado de Santa Catarina apresenta potencial para expandir a produção de azeites e azeitonas, devido à boa adaptação da oliveira a diferentes condições climáticas e estresses. Investigar o desempenho de materiais genéticos em condições brasileiras é essencial, e o monitoramento da fenologia e da caracterização reprodutiva das variedades catarinenses ajudará a definir os próximos passos para a produção de oliveiras no sul do Brasil. Assim, o objetivo deste estudo é investigar os eventos fenológicos e caracterizar aspectos da biologia reprodutiva das variedades de oliveira cultivadas em clima subtropical úmido. O estudo foi realizado em Rancho Queimado, Santa Catarina, durante o ciclo 2023/2024, avaliando plantas de oliveira de variedade Arbequina, Arbosana e Koroneiki com seis anos de idade, e Grappolo e Picual de três anos de idade. O monitoramento climático foi realizado com dados da estação meteorológica da Epagri/CIRAM, analisando temperaturas, precipitação, velocidade do vento, molhamento floral acumulado, umidade relativa e radiação solar. A fenologia das variedades foi avaliada semanalmente e quinzenalmente, seguindo a escala fenológica BBCH, com a seleção de plantas em um delineamento inteiramente casualizado, avaliando aspectos de desenvolvimento das inflorescências, floração, desenvolvimento e maturação dos frutos. A caracterização a biologia reprodutiva incluiu testes de receptividade do estigma floral, quantificação de grãos de pólen e análise das estruturas florais. No processo estatístico a análise descritiva foi utilizada para os dados de clima e fenologia. Para os demais parâmetros, foi aplicada a análise de variância (ANOVA), com os múltiplos comparativos sendo realizados pelo teste SNK (p<0,05). As transformações dos dados incluíram a aplicação de transformação arcoseno para a intensidade de floração e a porcentagem de flores estaminadas, e a transformação logarítmica para a produção de pólen por antera, e todo o processamento desses dados foram realizados no software RStudio. Deste modo, revelaram que as condições climáticas com temperaturas baixas e alta pluviosidade influenciaram o desenvolvimento das oliveiras. Arbequina e Koroneiki floresceram entre setembro e outubro e frutificaram até março, enquanto Arbosana foi afetada por antracnose e Grappolo e Picual não avançaram além do estágio de botões fechados. Arbequina e Koroneiki tiveram maior intensidade de floração, Picual apresentou a maior porcentagem de flores estaminadas e Arbosana a maior quantidade de flores hermafroditas. Arbosana produziu menos pólen, e Picual os maiores grãos de pólen. Esses achados evidenciam a influência das condições climáticas nas características florais das variedades e sugerem a necessidade de mais pesquisas sobre a adaptação das oliveiras a variações climáticas.

Brazilian olive farming is growing, standing out for the quality of its olive oil and its socioeconomic impact. The state of Santa Catarina shows potential for expanding olive oil and olive production, due to the olive tree's good adaptation to various climatic conditions and stresses. Investigating the performance of genetic materials under Brazilian conditions is essential, and monitoring the phenology and reproductive characterization of varieties from Santa Catarina will help define the next steps for olive production in southern Brazil. Therefore, the aim of this study is to investigate the phenological events and characterize aspects of the reproductive biology of olive varieties grown in a humid subtropical climate. The study was conducted in Rancho Queimado, Santa Catarina, during the 2023/2024 growing cycle, evaluating six-year-old olive trees of the Arbequina, Arbosana, and Koroneiki varieties, and three-year-old Grappolo and Picual varieties. Climate monitoring was conducted using data from the Epagri/CIRAM weather station, analyzing temperature, precipitation, wind speed, accumulated floral wetness, relative humidity, and solar radiation. The phenology of the varieties was assessed weekly and biweekly, following the BBCH phenological scale, with the selection of plants in a completely randomized design, evaluating the development of inflorescences, flowering, fruit development, and maturation. The characterization of reproductive biology included tests for stigma receptivity, quantification of pollen grains, and analysis of floral structures. In the statistical process, descriptive analysis was used for climate and phenology data. For the other parameters, analysis of variance (ANOVA) was applied, with multiple comparisons carried out using the SNK test (p<0.05). Data transformations included the application of arcsine transformation for flowering intensity and the percentage of staminate flowers, and logarithmic transformation for pollen production per anther. All data processing was performed using the RStudio software. Results revealed that climatic conditions with low temperatures and high rainfall influenced the development of the olive trees. Arbequina and Koroneiki bloomed between September and October and fruited until March, while Arbosana was affected by anthracnose, and Grappolo and Picual did not advance beyond the closed bud stage. Arbequina and Koroneiki had the highest flowering intensity, Picual had the highest percentage of staminate flowers, and Arbosana had the highest number of hermaphrodite flowers. Arbosana produced less pollen, and Picual had the largest pollen grains. These findings highlight the influence of climatic conditions on the floral characteristics of the varieties and suggest the need for further research on the adaptation of olive trees to climatic variations.