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Os gliomas são um tipo de tumor cerebral que se desenvolve a partir de células gliais, sendo o glioblastoma multiforme (GBM) o mais agressivo e letal, com uma sobrevida média de 15 meses. O tratamento envolve remoção cirúrgica, quimioterapia (Temozolamida; TMZ) e radioterapia, porém, comumente as células tumorais desenvolvem resistência a estes tratamentos. Considerando estes aspectos se faz necessário o estudo de novas estratégias terapêuticas, mais seletivas e eficientes. As células de GBM apresentam mutações gênicas que alteram a atividade de vias de sinalização associadas à proliferação celular, sobrevivência, invasão e angiogênese. Adicionalmente, as células tumorais apresentam alteração na atividade de enzimas glicosil transferases que causa modificação do padrão de glicosilação de proteínas e lipídeos da superfície celular. Lectinas são proteínas que reconhecem e ligam glicanos de forma seletiva. Diversos estudos têm mostrado que lectinas de plantas podem exercer vários efeitos biológicos, incluindo propriedades antitumorais. Nosso grupo demonstrou previamente ação antiglioma da lectina obtida de sementes de Canavalia brasiliensis (ConBr), sendo um possível mecanismo a inibição do trocador cistina/glutamato (sistema Xc-), responsável pela captura de cistina para síntese de glutationa, um antioxidante que protege as células tumorais de estresse oxidativo e da morte celular por ferroptose. A família das proteínas cinases ativadas por mitógeno (MAPKs), através de mecanismo de fosforilação, regulam diversos processos incluindo, proliferação, diferenciação, migração e morte celular. p38MAPK é uma MAPK que exerce papel importante na resposta das células tumorais frente a estímulos, como estresse oxidativo e sinais inflamatórios, regulando o equilíbrio entre a sobrevivência e morte celular. Considerando a capacidade de ConBr inibir o sistema Xc- e promover estresse oxidativo, nosso estudo foi desenvolvido para elucidar se essa ação pode se relacionar com a ativação da p38MAPK. Utilizando cultura celular de glioma (C6) expostas à ConBr (30 μg/mL e 50 μg/mL; 24h), evidenciamos que o tratamento induziu queda de viabilidade celular, medida pelo método do MTT. ConBr também induziu autofagia nas células C6, observada pela marcação de vesículas ácidas, através da coloração com Laranja de Acridina. Adicionalmente, utilizando a metodologia de Western Blot, observamos que o tratamento com ConBr (50 μg/mL; 12h) foi capaz de promover incremento na fosforilação de p38MAPK. Este achado sugere que p38MAPK pode ser um dos elementos de sinalização ativados por ConBr, possivelmente devido ao incremento de espécies reativas pela inibição do sistema Xc. Estes resultados indicam a importância de aprofundar a investigação desta ação de ConBr, verificando a modulação de alvos dowstream à p38MAPK (ex. Hsp27), bem como o possível bloqueio da ativação de p38MAPK por ConBr pelo pré-tratamento das células com antioxidantes. |
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