Avaliação dos efeitos da administração de probiótico sobre a concentração plasmática de citocinas inflamatórias e remodelamento cardíaco e intestinal

Abstract

A microbiota intestinal constitui um vasto ecossistema, desempenhando papéis na nutrição, função intestinal, imunidade e inflamação. Evidências sugerem que a desregulação da homeostase entre a microbiota intestinal e o hospedeiro contribui para a hipertensão arterial. Alterações na microbiota intestinal foram observadas tanto em pacientes quanto em modelos experimentais de hipertensão. O uso de probióticos reduziu a pressão arterial em humanos e animais hipertensos. Pacientes e animais com hipertensão apresentam elevados níveis de células inflamatórias e maior produção de citocinas pró-inflamatórias. Além disso, o desenvolvimento da hipertensão arterial é acompanhado de alterações funcionais e estruturais no remodelamento cardíaco e intestinal. Desta forma, o objetivo deste estudo é avaliar em ratos espontaneamente hipertensos (SHR): 1)a concentração plasmática da citocina inflamatória interleucina-6 (IL-6); 2)alterações morfológicas no coração, como hipertrofia e acúmulo de colágeno no ventrículo esquerdo; 3)alterações morfológicas gerais no cólon intestinal, além do acúmulo de colágeno na parede intestinal. Foram utilizados ratos da linhagem Wistar (normotensos) e SHR, divididos em 3 grupos: I) Wistar; II) SHR+Veículo; III) SHR+Probiótico. O tratamento foi iniciado na 8ª semana de vida dos animais. O Lactobacillus Plantarum foi administrado oralmente (1×109 CFU/dia), por 10 semanas. A pressão arterial sistólica (PAS) foi medida por pletismografia de cauda. A concentração de citocinas pró-inflamatórias foi avaliada usando o kit imunoenzimático ELISA. As análises histopatológicas do coração e cólon foram feitas utilizando os kits de coloração hematoxilina e eosina (HE) e tricrômico de Masson. Nos animais hipertensos submetidos ao tratamento com probiótico, observou-se uma redução da PAS. O peso corporal de SHR tratados ou não com probiótico foi menor em comparação com os Wistar. O peso cardíaco foi semelhante entre os três grupos estudados. Já o índice cardíaco foi maior nos SHR, independentemente do tratamento. Histologicamente, a hipertrofia cardíaca foi reduzida em SHR tratados com probiótico. O tratamento não alterou a espessura da camada muscular e o número de células caliciformes de SHR, mas reduziu a área fibrótica intestinal nesses animais. A concentração de IL-6 no coração, cólon e baço foi menor em SHR, tratados ou não, em relação aos Wistar. Entretanto, a concentração de IL-6 nos linfonodos mesentéricos de SHR tratados com probiótico foi reduzida. Assim, conclui-se, que probióticos podem exercer efeitos moduladores da inflamação e na proteção contra danos teciduais associados à hipertensão.