Abstract:
|
O carcinoma epidermoide oral (CEO) é a neoplasia maligna mais comum da cavidade oral, representando mais de 90% de todas as neoplasias malignas dessa região da face, sendo uma doença agressiva, com alta mortalidade e sobrevida baixa. Os tratamentos convencionais, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, estão relacionados a baixos índices de sobrevida e grave comprometimento funcional dos pacientes afetados, impulsionando, assim, o estudo de novos alvos terapêuticos para o tratamento desses tumores. Além disso, atualmente, sabe-se que muitas neoplasias malignas apresentam células resistentes, ou que se tornam resistentes, aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia. A Glicogênio Sintase Quinase-3 beta (GSK3β) é uma enzima que parece estar associada à progressão tumoral e, por isso, tem mostrado potencial como alvo terapêutico em diversos tipos de câncer. Estudos têm demonstrado que o Tideglusib (TDG), um medicamento usado para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Doença de Parkinson e Alzheimer, é um inibidor seletivo da proteína GSK-3β e que parece ser capaz de inibir a proliferação e induzir a apoptose celular em algumas neoplasias, entre elas, neuroblastoma, câncer pancreático e hepático. Entretanto, não foram encontrados relatos na literatura sobre a ação desse medicamento no CEO. Assim, o objetivo geral deste estudo foi avaliar o efeito do Tideglusib como um possível fármaco sensibilizador ao quimioterápico cisplatina, na linhagem de carcinoma epidermoide oral SCC-9. Para tanto, foi testada a hipótese de que o Tideglusib, isoladamente ou previamente à exposição das células à cisplatina (CP), é capaz de diminuir a viabilidade das células tumorais. Na avaliação da citotoxicidade, o TDG apresentou uma dose inibitória mínima (IC50) de 66 μM após 24h, enquanto a CP teve um IC50 de 4,5 μM após 48h, nas células SCC-9. O tratamento das células com TDG, 24h antes da exposição à CP, resultou em uma redução significativa (p=0,03) da viabilidade celular, após 48h de tratamento com CP, comparado com os medicamentos isolados. Vale destacar que não houve exposição concomitante das células aos dois medicamentos, para poder verificar, efetivamente, uma sensibilização das células pelo TDG. Assim, após a exposição com o TDG, este foi removido e novo meio de cultura, com a adição da dosagem pré-estabelecida de CP, foi aplicado às células. Conclui-se que o uso do TDG prévio à CP potencializa o efeito deste quimioterápico e pode aumentar a sua eficácia na redução da viabilidade das células de CEO. Do ponto de vista clínico, isto poderia significar o uso de doses menores de CP, reduzindo seus efeitos adversos e, potencialmente, a melhora no prognóstico dos casos, bem como uma diminuição na possibilidade de desenvolvimento de quimiorresistência tumoral à CP. |