Biodiversidade de Santa Catarina: investigando a ecologia histórica e os efeitos de manejo para restauração e conservação da Mata Atlântica do Sul do Brasil

Abstract

A diversidade da vegetação dos campos de altitude no sul do Brasil é mantida, em parte, por distúrbios ecológicos como fogo e pastejo, que são historicamente utilizados por comunidades locais, mas proibidos em muitas unidades de conservação. Neste trabalho, avaliamos o impacto desses distúrbios sobre a diversidade de plantas herbáceas, comparando áreas sob manejo tradicional com áreas sem distúrbios. A hipótese foi de que a combinação de fogo e pastejo (manejo tradicional) previne o acúmulo de necromassa e promove maior diversidade de espécies. Para testar essa hipótese, foram coletados dados de vegetação em 168 quadrados (1 x 1 m) distribuídos em 14 parcelas ao longo de sete blocos experimentais e em dois tempos. Realizamos as coletas no Parque Nacional de São Joaquim. Os resultados mostraram que, no curto prazo (seis meses de implementação dos tratamentos), o manejo tradicional não resultou em um aumento consistente da riqueza e não alterou a composição de espécies em direções distintas do que no controle. Desta forma, em curto prazo, o manejo tradicional não influencia na manutenção da diversidade. Embora não tenhamos incluído a necromassa nas análises, o acúmulo de necromassa no curto prazo pode não ter sido suficiente para diminuir a diversidade nas áreas sem distúrbios, mas pode ocorrer em longo prazo e causar incêndios de grande severidade. Assim, embora um efeito não tenha sido observado de imediato, sugerimos que deve haver uma continuidade do estudo para entender como manejo com fogo e pastejo influencia a riqueza e composição das comunidades vegetais, evitando a dominância por poucas espécies, e ressaltamos a necessidade de monitoramento a longo prazo para uma melhor compreensão dos efeitos ecológicos desses distúrbios.