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A transgeneridade foi reclassificada no CID-11 como uma condição relacionada à saúde sexual, definida como uma divergência entre a identidade de gênero autopercebida e o sexo atribuído ao nascimento, e retirada do rol de doenças mentais. Representando um marco importante para o reconhecimento da transgeneridade como uma identificação legítima, com necessidades e particularidades específicas. Dessa forma, denota-se a importância de estudos que avaliem as singularidades quanto à Saúde da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais e outros (LGBTQIA+).
A pesquisa: ‘Condições de saúde bucal das pessoas transgênero atendidas em ambulatório especializado em Florianópolis-SC’ foi realizada no município de Florianópolis, no serviço especializado do SUS, o Ambulatório Trans, sendo um estudo epidemiológico transversal com a aplicação de questionários e com a realização de exames epidemiológicos por cirurgiões-dentistas calibrados para a avaliação das condições de saúde bucal. Assim, com o objetivo de delinear o perfil sociodemográfico da população transgênero que utiliza o ambulatório, bem como dados específicos sobre acesso à saúde, saúde geral, mental e bucal, discriminação em serviços de saúde e violência de gênero.
Participaram da pesquisa 187 pessoas, das quais 112 completaram o exame bucal. Pouco menos da metade (44%) dos participantes se identificaram como homens trans; 25,7% como mulheres trans; 30,3% como outras categorias de gênero. A maioria dos participantes (66,3%) identificou-se como branco. Cerca de 60% frequentam o ambulatório há menos de 1 ano, 92% utilizam o serviço para o processo de afirmação de gênero. Pouco mais da metade (52,4%) haviam consultado o dentista no último ano, sendo a limpeza e prevenção dentária o principal motivo. Dois terços (71%) dos participantes fazem uso de hormonioterapia. 41,2% classificaram o seu estado de saúde como ‘Bom’. 54% já receberam o diagnóstico de depressão e 48,9% já receberam o diagnóstico de outras doenças mentais. 54,5% dos participantes apresentaram sintomas compatíveis com algum grau de ansiedade e 70,3% com algum grau de depressão. 41,2% já foram discriminados dentro de serviços de saúde, sendo a mais prevalente a de gênero. 70,5% já foram vítimas de violência por conta da sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, sendo a verbal a mais prevalente, e os principais agressores, familiares. Os resultados dos exames bucais revelaram que 75,6% dos examinados já tiveram experiência de cárie, 44,5% apresentavam dentes cariados, 57,1% dentes restaurados, 19,3% dentes perdidos, 25% sangramento gengival, 61,2% cálculo dentário e 0,9% bolsa periodontal.
Observou-se uma alta prevalência de problemas de saúde na população estudada, demonstrando a necessidade de criação de políticas públicas de saúde que amparem a população trans do município em sua totalidade. |
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