Tendo por premissa que as práticas de ensino de línguas não são imunes ao cenário sociopolítico em que estamos inseridos, é fundamental entender a relação entre as políticas linguísticas (e, mais especificamente, as políticas de ensino de línguas) e o ensino crítico no Brasil atual. Se considerarmos que as políticas linguísticas vão além das orientações e dos documentos educacionais, já que elas se concretizam por meio de práticas que incluem avaliação e testagem, pesquisa e as próprias práticas pedagógicas (Shohamy, 2006), faz-se necessário investigar os impactos de documentos como a Base Nacional Comum Curricular e de práticas de pesquisa e ensino de línguas no Brasil. A primeira etapa deste estudo, de caráter qualitativo, busca analisar possíveis impactos de políticas linguísticas nacionais em políticas das demais esferas governamentais. Para tanto, realizamos uma análise documental da seção destinada ao componente curricular Língua Inglesa na Base Nacional Comum Curricular (2017), no Currículo Base do Território Catarinense (2019), e na Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (2016). Objetivamos compreender até que ponto (e de que forma) as políticas de ensino de línguas adicionais (e, mais especificamente, de língua inglesa) possibilitam ou fomentam um fazer docente pautado pelo desenvolvimento da consciência crítica e que tenha como horizonte a justiça social (Crookes, 2013). A análise está pautada nas teorias sobre políticas linguísticas críticas (Shohamy, 2006; Bohn, 2000) e na pedagogia crítica de ensino de línguas (Crookes, 2013; Tavares, 2023) na tentativa de compreender: 1) a concepção de língua(gem) subjacente a estes documentos; 2) a perspectiva de ensino e aprendizagem de língua adicional proposta; 3) o papel de professores e estudantes no processo de ensino e aprendizagem da língua adicional preconizado pelos documentos.
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Projeto de PIBIC - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão - CCE. Licenciatura em Letra Inglês.