Abstract:
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O sistema alimentar convencional, da atualidade, está em desacordo com uma ideia cíclica da agricultura sustentável. Assim também, em um formato linear, encontra-se o saneamento básico convencional, caracterizado por grandes obras e com uma disposição final para os rejeitos resultantes do tratamento de esgoto. Contrapondo as duas ideias lineares, a transição agroecológica de um sistema alimentar convencional, dará origem à um sistema alimentar agroecológico. Esse modelo terá como um de seus eixos os fertilizantes orgânicos, que poderão ser produzidos a partir de um sistema de saneamento alternativo, o saneamento ecológico. Os sistemas alimentar e de saneamento podem se unir por meio da produção de biofertilizantes provenientes de excretas humanas, graças ao banheiro seco com vaso separador, tecnologia que permite segregar fezes e urina na fonte, possibilitando tratamentos distintos e adequados para cada fração, afim de reduzir os riscos associados ao seu uso. Dessa forma, o presente trabalho relata o projeto de coleta de urina e de produção de um fertilizante proveniente dessa excreta: a estruvita. Em seguida, sua segurança sanitária foi verificada a partir de ensaios laboratoriais, onde a estruvita proveniente de urina contaminada com E. coli, Samonella e Enterococcus, teve a taxa de decaimento da concentração desses patógenos analisada. Os resultados laboratoriais positivos, bem como o histórico do Grupo de Pesquisa em Recuperação de Recursos em Sistemas de Saneamento, o RReSSa, passa, então a ser difundido em alguns eventos. Essa difusão se dá a partir da exposição desses resultados em eventos como a SEPEX, na UFSC; o ENEDS na UFMG e no Porteira Aberta da EPAGRI. Além dessa disseminação, uma análise de cunho mais sociológico tem sido apresentada ao trabalho, de forma a se tornar um elemento do Trabalho de Conclusão de Curso da bolsista. Essa pesquisa se trata da aplicação de um questionário em grupos de agricultores e jovens rurais, buscando analisar suas percepções atuais a respeito do uso de fertilizantes provenientes de excretas humanas, bem como uma seguinte conversa a respeito do tema, visando tornar a tecnologia mais popular. Os resultados têm sido positivos e as entrevistas seguem em andamento. Por fim, também como parte do TCC, foi iniciada e segue em curso, uma análise de leis brasileiras que dispõem sobre o uso de lodo de esgoto na agricultura, bem como das que regulamentam e definem a produção de fertilizantes. Estas são comparadas com documentos internacionais, que já detalham o uso específico de excretas humanas na agricultura. É então verificada a possibilidade de unir as disposições já existentes no Brasil, acrescentando critérios de Avaliação Quantitativa de Risco Microbiano (QMRA) e as instruções presentes, como por exemplo, em um guia da Organização Mundial da Saúde (OMS) que dispõe sobre tal uso, para construir uma base que possa auxiliar em uma futura elaboração de uma normativa brasileira para esse uso. |