Abordagem ecológica nas atitudes face ao desporto de jovens atletas de basquetebol

Abstract

O presente estudo utilizou uma abordagem bioecológica para investigar os fatores que influenciam as atitudes morais no basquete juvenil. Consideraram-se as características pessoais (sexo), processo (prática deliberada acumulada) e fatores contextuais (faixa etária e contexto do clube) de 504 jovens atletas (feminino = 174; masculino = 330), com idades entre 9 e 19 anos.

O início da especialização e a prática deliberada acumulada foram avaliados considerando marcos de maturação biológica, como a idade de início do crescimento pubertário e a idade no pico de velocidade de crescimento (especialização pré-puberdade, especialização no período de crescimento máximo na puberdade, especialização pós-crescimento máximo na puberdade). Os grupos etários foram considerados como sub-12, sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19. Quanto ao contexto do clube, consideramos: clubes de regiões desfavorecidas, clubes com recursos limitados ou de áreas menores, clubes de desenvolvimento juvenil sem equipes adultas, e clubes de desenvolvimento juvenil com equipes adultas profissionais.

Utilizámos a versão portuguesa do Questionário de Atitudes Face ao Desporto (SAQ-p) e empregamos a análise fatorial confirmatória Bayesiana para examinar o ajustamento da estrutura fatorial do SAQ-p. Além disso, estudamos a influência das características individuais, de processo e de contexto na probabilidade de respostas aos itens do SAQ-p através de modelos hierárquicos com teoria de resposta ao item (modelos ordinais) usando métodos Bayesianos.

Os resultados da análise fatorial reproduziram a estrutura original do SAQ-p em jovens atletas brasileiros. As predições dos modelos hierárquicos indicaram uma variabilidade substancial nas respostas por contexto de clube, independente do grupo etário, sexo e período de especialização no esporte. Os atletas de clubes com maiores limitações de recursos ou suporte mostraram maior tendência de respostas nas dimensões de atitudes antissociais. As atletas em grupos etários mais velhos mostraram menores probabilidades de respostas pró-sociais em comparação aos atletas masculinos. Não houve evidência de influência da experiência acumulada no esporte sobre as tendências de resposta no SAQ-p.

Em síntese, o presente estudo verificou a validade transcultural do SAQ-p para ser utilizado no contexto do esporte infanto-juvenil no Brasil. Adicionalmente, as respostas no SAQ-p foram sensíveis às características individuais e aos contextos de prática, sugerindo que treinadores e responsáveis pelos sistemas esportivos considerem a qualidade do suporte e do enquadramento pedagógico na formação esportiva de jovens para a promoção de atitudes pró-sociais.