Abstract:
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Introdução: Avanços no diagnóstico e tratamento aumentaram o número de sobreviventes da sepse, e revelaram que essas pessoas são mais suscetíveis a doenças cardiovasculares. Nossa hipótese foi que a função modulatória do tecido adiposo perivascular (PVAT) sobre o tônus vascular está prejudicada após a sepse. Objetivo: Explorar a função pró-contrátil do PVAT em sobreviventes da sepse. Materiais e métodos: Ratos Wistar machos (3-4 meses) sobreviventes à sepse por ligadura e punção do ceco (CLP) foram avaliados 15 dias após a CLP (grupo S15d). Após eutanásia, o PVAT torácico foi removido e mantido em solução nutritiva (PSS) a 4 °C. Paralelamente, ratos naïve (grupo CT) da mesma idade foram utilizados para obtenção do PVAT e da aorta torácica. Segmentos da aorta (3-4 mm), sem endotélio funcional, foram montados em banho de órgãos para registros de respostas contráteis. Porções do PVAT (~5 mm) dos grupos CT e S15d foram incubadas (37 °C/30 min) em 1,5 mL de PSS (PSSt(+)PVAT). Em seguida, o PVAT foi descartado e o PSSt(+)PVAT foi adicionado aos banhos de órgão. O efeito vasoconstritor gerado pelo PSSt(+)PVAT foi registrado durante 30 min. Amostras de PSSt(+)PVAT foram submetidas a estresse térmico (70 ºC/10 min), incubadas com L-NAME (100 μM), ou guanetidina (30 μM), ou captopril (10 μM). O efeito do PSSt(+)PVAT também foi avaliado em artérias incubadas com prazosina (100 nM). Os resultados foram expressos como a X ± EPM do efeito máximo (Emax, em g), e avaliados por ANOVA de duas vias seguida por Sïdak (n = 5-6/grupo). Este estudo foi aprovado pelo CEUA/UFSC (6184220124). Resultados: O efeito contrátil induzido pelo PVAT do grupo S15d (0,56 ± 0,08 g) foi significativamente menor se comparado ao gerado pelo CT (1,27 ± 0,09 g). O Emax da ação contrátil do PVAT de ambos os grupos aumentou após exposição ao estresse térmico (CT 1,67 ± 0,18 e S15d 1,47 ± 0,22 g), incubação com L-NAME (CT 1,27 ± 0,13 e S15d 1,92 ± 0,08 g), ou incubação com guanetidina (CT 2,09 ± 0,18 e S15 1,50 ± 0,12 g), mas não foi alterado após a incubação com captopril (CT 1,28 ± 0,13 e S15 0,63 ± 0,07 g). Apesar das diferenças no Emax, a pré-incubação dos anéis aórticos com prazosina aboliu as respostas contráteis ao PSSt(+)PVAT em todas as condições experimentais avaliadas. Conclusão: Este é o primeiro estudo mostrando que a ação pró-contrátil do PVAT, exercida através da liberação de um agonista de receptores α1-adrenérgicos, é reduzida em animais que sobreviveram ao insulto séptico. Além disso, mostramos que embora o bloqueio da enzima conversora de angiotensina seja ineficaz, o liberação farmacológica de catecolaminas pela guanetidina e a inibição da síntese de NO pelo L-NAME foram capazes de elevar a ação contrátil do PVAT de sobreviventes da sepse para o mesmo patamar gerado pelo PVAT do controle. Os resultados obtidos colocam o PVAT como um alvo em potencial para a prevenção de doenças cardiovasculares em sobreviventes da sepse. |