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Tomando a literatura como importante mediador entre a criança e a cultura e, neste sentido, este estudo articula-se a outros projetos de ensino, pesquisa e extensão em desenvolvimento no Núcleo de Desenvolvimento Infantil desta Universidade sob a coordenação do Grupo de Estudos e Pesquisa Infância, Literatura e Educação (GEPILEd/UFSC/CNPq), refletindo diretamente na formação de pequenos leitores, mas também na dos professores que com eles atuam nos processos de mediação literária. Destacamos que essa investigação está circunscrita a uma pesquisa que busca aprofundar o conhecimento sobre a relação entre infância e experiência estética, considerando principalmente a literatura na formação de bebês e crianças pequenas (0 a 3 anos), de forma a buscar a geração de bases teórico-metodológicas para o trabalho com essa faixa-etária. Em continuidade à pesquisa que temos desenvolvido sobre a censura na literatura destinada à infância, neste ciclo, direcionamos nossos estudos para as implicações da estruturação de tempos-espaços-materialidades na formação leitora, tendo como objetivo geral estudar as implicações da censura na constituição de acervos literários para a organização de práticas de mediação literária. Para tanto, empreendemos uma investigação do acervo da Biblioteca do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI/UFSC) a partir do mapeamento e análise de algumas categorias: ano de publicação, região, literatura étnico-racial, gênero literário, tipo de livro, tipologia textual e temática dos livros. A análise do acervo composto por 852 livros revela uma predominância das temáticas “natureza” e “relações humanas”. A distribuição dos livros ao longo das décadas demonstra uma tendência crescente de publicações a partir de 1990. Em relação a origem, observa-se uma predominância de produções nacionais, com baixa representatividade da produção catarinense. Em termos de gênero literário, a prosa predomina, enquanto, referente ao tipo de livro, os ilustrados são os mais frequentes. Além disso, identifica-se uma sub-representação de obras que abordam a literatura étnico-racial. Na aproximação com estudos de Benjamin (2002), Vigotski (1999) e Cândido (2011), reafirmamos a relevância da literatura como direito humano e possibilidade de inserção crítica e (cri)ativa na cultura contribuindo para os processos de formação humana desde a pequena infância. A sub-representação de algumas categorias, revelam a importância de constituirmos acervos literários comprometidos com uma formação plural, representativa e crítica, baseada no princípio da bibliodiversidade, sem interdições de temáticas. Cabe ao mediador criar condições para experiências estéticas literárias humanizadoras e emancipadoras. |
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