| dc.description.abstract |
A diversidade em ecossistemas abertos é moldada tanto por fatores abióticos quanto por distúrbios naturais, como o fogo e o pastejo. Esses distúrbios são frequentemente utilizados como práticas tradicionais de manejo, em que os proprietários rurais queimam a vegetação seca para estimular o crescimento de novas plantas, favorecendo a pecuária extensiva. Quando esses distúrbios estão ausentes, ocorre o acúmulo de matéria seca, alterando a estrutura do habitat e os recursos disponíveis, afetando as comunidades de formigas. As formigas são animais abundantes e conhecidas por serem organismos sociáveis, vivendo em colônias. Por isso, a diversidade de formigas e a estrutura do habitat estão intimamente ligadas. Assim, mudanças no habitat podem favorecer espécies mais adaptadas a ambientes com maior cobertura vegetal ou acumulação de matéria orgânica, enquanto outras, menos tolerantes a essas alterações, podem ser prejudicadas. Neste estudo, investigamos como o fogo e o pastejo impactam as comunidades de formigas em campos de altitude no sul do Brasil, ecossistemas sensíveis que dependem de uma dinâmica equilibrada entre distúrbios naturais e a regeneração da vegetação. A aplicação desses distúrbios, como práticas de manejo, pode ter efeitos positivos e negativos sobre a biodiversidade. A pesquisa foi conduzida em um período de dois anos, com coletas de campo realizadas em 2023 e 2024. O experimento foi estruturado em blocos, com parcelas de controle e tratamentos de fogo, pastejo e a combinação de ambos. Dentro dessas parcelas, foram utilizadas iscas para capturar as formigas, e os dados coletados focaram na frequência de ocorrência e na riqueza de espécies. As análises de dados compararam os efeitos dos distúrbios em relação às áreas de controle, para observar como o fogo e o pastejo impactaram a presença e a diversidade das espécies de formigas. Devido a uma das variáveis analisadas não ter atendido aos critérios de normalidade, utilizamos o teste de Mann-Whitney para todas as comparações. Os resultados mostraram uma tendência interessante: em 2024, o número de ocorrências de formigas aumentou, mas a riqueza de espécies diminuiu em comparação a 2023. O tratamento de pastejo foi o que apresentou o maior impacto, resultando em uma diminuição significativa na diversidade de espécies. Isso sugere que o pastejo pode estar favorecendo algumas espécies dominantes, como Pheidole mapinguari, que aumentaram em abundância, mas, reduziram a presença de outras espécies. O fogo, por outro lado, não gerou efeitos significativos de curto prazo, mas seus impactos a longo prazo ainda precisam ser estudados. Por isso, a continuidade das coletas e do monitoramento é fundamental para observar a reestruturação das comunidades de formigas ao longo do tempo. Estudos de longo prazo permitirão avaliar de forma mais robusta como esses distúrbios podem influenciar a biodiversidade local, fornecendo informações úteis para o manejo sustentável desses ecossistemas. |
pt_BR |
