Desenvolvimento de um instrumento digital autoaplicável para avaliação da adesão às recomendações de estilo de vida saudável em mulheres sobreviventes do câncer de mama

Abstract

Introdução: O câncer de mama é prevalente no Brasil e no mundo, sendo uma das principais causas de morte por câncer na população feminina. Fatores relacionados ao estilo de vida são benéficos tanto para a prevenção do câncer, como também para evitar sua recidiva. Com base nisso, a WCRF/AICR elaborou recomendações de estilo de vida que visam a prevenção do câncer e da recidiva. A partir das recomendações, surgiu a necessidade de um instrumento autoaplicável que avalie a adesão a tais recomendações, visto que a autoavaliação pode gerar alterações comportamentais positivas nos hábitos de vida. Metodologia: O estudo incluiu uma amostra de mulheres que atenderam aos critérios de inclusão. Esse estudo contou com 3 fases, sendo: primeira etapa: desenvolvimento do instrumento, validação de conteúdo com especialistas, estruturação digital do instrumento e teste de usabilidade; segunda fase: realização de um estudo piloto da etapa de reprodutibilidade e validação; e terceira fase: teste de reprodutibilidade, seguida da aplicação dos métodos de referência para possibilitar as análises estatísticas de validação. O instrumento foi baseado no escore formulado por Shams-White, que operacionaliza 8 recomendações preconizadas pela WCRF/AICR, com escore proporcional (0 a 8 pontos) à adesão a estas orientações. As recomendações foram adaptadas em questões de fácil entendimento sobre hábitos de vida voltadas para pacientes sobreviventes do câncer de mama. As respostas geram uma pontuação de 0 a 1, sendo que a soma total da pontuação de todos os itens gera um escore entre 0 a 10 pontos. A pontuação total é proporcional ao seguimento das recomendações. Resultados: O estudo piloto da usabilidade contou com a participação de 65 mulheres que preencheram o instrumento, a maioria não relatou problemas técnicos (n = 60; 92,3%), não teve dificuldade em preencher o instrumento (n =57/ 87,7%), compreenderam bem as perguntas (n = 37; 59,7%) e consideraram adequada a aparência do formulário (n = 35; 55,6%). A usabilidade contou com 14 pacientes com câncer de mama. Grande parte das participantes que responderam às questões relataram adorar utilizar o instrumento digital "PrevCancer" (n = 8; 57%), e não relataram dificuldades para responder (n=9; 64%). As participantes não tiveram dificuldades técnicas em relação à ferramenta (n = 12; 86%), e se sentiram calmas ao responder as perguntas (n = 11; 79%). As maiores dificuldades foram sobre classificar a intensidade da atividade física (n = 7; 50%), informar sua altura em centímetros no lugar metros (n = 10;71%). Conclusão: As etapas de reprodutibilidade, estudo piloto e validação ainda não foram realizadas devido ao desenvolvimento e estruturação digital do instrumento ter demandado mais tempo. No entanto, os resultados do teste de usabilidade e a validação de conteúdo indicam que o instrumento pode ser útil para pacientes sobreviventes de câncer de mama e para futuras pesquisas na área oncológica.