Mortes anunciadas: o feminicídio em Santa Catarina

Abstract

Este trabalho teve como objetivo analisar as relações entre o feminicídio e o terreno fértil que este encontra em Santa Catarina diante da ascensão da extrema direita no estado interligada a uma radicalização da agenda neoliberal. Para a aproximação do problema, utilizou-se de bibliografia de plataformas de pesquisa online e dados de uma miríade de fontes que compuseram o escopo da análise. Para expor o conteúdo, este trabalho foi dividido em duas seções. Na primeira, é discutida a agenda neoliberal e as quatro contrarreformas que mais impactaram no desmonte das políticas públicas no país: a Emenda Constitucional 95; a Reforma do Ensino Médio; a Reforma Trabalhista; e a Reforma da Previdência. Além das contrarreformas, é analisado também o governo de Jair Messias Bolsonaro e sua atuação durante a pandemia da COVID-19 e, por fim, as consequências sobre o feminicídio. Na segunda seção, são tratadas as particularidades do estado de Santa Catarina no que se refere ao tema do feminicídio: como o papel da mulher historicamente desenvolvido por aqui foi conservado e como esse conservadorismo se reflete no que é feito com as mulheres hoje em dia. Portanto, nesta seção também serão tratados dados sobre o feminicídio catarinense, trazendo discussões acerca das especificidades do território perante a um problema nacional e, por fim, a análise de casos emblemáticos de feminicídio ocorridos no estado nos últimos anos. A partir do objetivo de analisar as relações entre o feminicídio e o terreno fértil que este encontra em Santa Catarina diante da ascensão da extrema direita no estado, observou-se que mesmo sendo um problema nacional, a violência contra a mulher ganha novos contornos num território onde a cultura tradicionalista europeia foi e é supervalorizada em detrimento de outras e, então, é também supervalorizado o papel da mulher dentro desta cultura: o papel da submissão, da serventia aos homens. Todo esse contexto histórico e cultural também gestou figuras centrais da extrema direita brasileira atual e tornou o território catarinense central quando se fala de conservadorismo no país. Assim, Santa Catarina gestou diversos parlamentares e figuras políticas que são centrais na derrubada dos direitos conquistados pelas mulheres a nível nacional, exatamente por quererem conservar uma cultura de exploração sobre estas.