Uma análise bastarda das materialidades tecnobiodiscursivas de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro

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Uma análise bastarda das materialidades tecnobiodiscursivas de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro

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dc.contributor Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.advisor Zucco, Luciana Patrícia
dc.contributor.author Pabón , Ana Sofía
dc.date.accessioned 2024-09-17T23:25:15Z
dc.date.available 2024-09-17T23:25:15Z
dc.date.issued 2024
dc.identifier.other 387702
dc.identifier.uri https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/259801
dc.description Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2024.
dc.description.abstract A pesquisa teve como objetivo compreender a produção das materialidades discursivas onlife de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro segundo os regímenes tecnobiodiscursivos que bordeiam a vida humana e não humana no presente (Butturi Junior, 2019). Para tal propósito foi escolhida a construção de uma metodologia feminista terceiro-mundista, míope e mestiça (Gloria Anzaldúa, 2016), de corte agencial (Karen Barad, 2014) e espiralar (Leda Martins, 2021), subsidiada pela estratégia da etnografia na internet (Christine Hine, 2015) e da autoetnografia off-line-on-line (Mercedes Blanco, 2012; Aitza Calixto, 2022). A partir das redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, conectamos as coordenadas e encruzilhadas dos espaços-tempos nos quais as materialidades discursivas mencionadas ganharam visibilidade e importância no mundo da vida onlife. Recorremos, ainda, às plataformas digitais como Youtube e o motor de busca Google quando a ampliação do rastreio se mostrou necessária. O desenho da pesquisa compreendeu três momentos de interação denominados de exploração, familiarização e aprofundamento (Eumelia Galeano, 2012). Desta forma, consideramos que a produção tecnobiodiscursiva de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro vincula-se a três aspectos chave: a relação entre natureza, humanos/nas e tecnologia; a relação entre mulheres e tecnologias; e a relação entre mulheres e discursos digitais. Tais aspectos analisados na interseção entre corpo, tecnologia e discurso evidenciam que uma das características dos regímenes tecnobiodiscursivos paras as mulheres lidas como 'brancas' ou lidas como negras 'retintas' é a cena da violência digital, porém as maneiras de se perpetrar este tipo de agressão digital não é igual e, portanto, é fundamental uma perspectiva interseccional que considere como determinados valores de gênero, raciais, de classe social, geracionais e tecnológicos entram para jogar o jogo da exclusão na invisibilidade e no silenciamento das mulheres. Outra característica é sobre o 'eu' tecnológico ou 'eu' fragmentado e o modo como humanos/as e tecnologias trabalham em conjunto na co-criação e propagação de excessos semânticos. Os excessos semânticos se encaixam em uma discussão eterna e cansativa propiciada pelos tecnosignos do 'comentário' e do 'comentário ao comentário', os quais estão feitos para ampliar um discurso digital até o infinito. Assim, vê-se que Carolina Sanín e Djamila Ribeiro são alvos de conversações no off-line e por outras vias, como WhatsApp, nas quais suas ações são questionadas por serem consideradas contraditórias, aliás, estas se acompanhem de xingamentos e desqualificações. Nesse sentido, alertamos para a necessidade de compreender o efeito fragmentador das identidades digitais por processos tecnobiodiscursivos nos quais as mulheres ganham popularidade não por suas ideias, senão pelos atributos morais e éticos que mobilizam em tais interações, por exemplo, vemos essa realidade nas pessoas que não concordam com elas e que as desqualificam, uma vez que no Youtube (que não é uma rede social, senão uma plataforma de música) há mais comentários que as rechaçam, desqualificam ou fazem piadas. No entanto, em redes sociais, como Facebook e Instagram, há mais comentários de favoritismo e reconhecimento digital. Por último, as escritas de si no on-line de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro se tornam encruzilhadas tecnobiodiscursivas entre 'mulheres biológicas' e 'pessoas trans', na participação da criação de sentidos ambíguos a respeito do 'sexo' como norma e como resistência. Suas materialidades discursivas centradas na reivindicação dos seus lugares como 'mulheres biológicas' que escrevem, denunciam e lidam com o sexismo e o racismo, funcionam legitimando uma ideia de mulher de 'verdade' que exclui desses lugares de reivindicação e de tais poderes ontológicos as corporalidades que não apresentam tal nível de inteligibilidade, tanto as mulheres que não cumprem com o padrão biológico racial e de classe social, implícito na categoria 'mulher', quando as dissidências de gênero e sexuais. Diante do patamar irreconciliável no qual se imbricam as discussões-interações on-line entre 'mulheres biológicas' e pessoas diverso-sexuais, especialmente pessoas trans, recorremos a Maria Galindo (2022) para compreender que este lugar do irreconciliável continua sendo parte de estarmos situadas na esfera da ideologia, sendo imperativo nos situarmos na esfera da ética. Para isto, é preciso reconhecer, como filhas, filhes e filhos do Sul, de um Sul bastardo, que deve sua existência ao colonialismo e à mestiçagem como processo sistemático do estupro das mulheres indígenas, que o desafio que nos interpela é o de não jogarmos mais o jogo eterno das armadilhas da identidade. Nossa origem é bastarda, por essa razão o horizonte de nossa subversão é o vínculo, é a soma das desobediências individuais e coletivas, é a troca dos códigos subversivos, é a possibilidade de escrever nosso próprio conceito de revolução.
dc.description.abstract Abstract: The aim of the research was to understand the production of Carolina Sanín's and Djamila Ribeiro's onlife discursive materialities according to the technobiodiscursive regimes that border human and non-human life in the present (Butturi Junior, 2019). For this purpose, the construction of a third-world, myopic and mestizo feminist methodology was chosen (Gloria Anzaldúa, 2016), of an agential (Karen Barad, 2014) and spiral cut (Leda Martins, 2021), subsidized by the strategy of internet ethnography (Christine Hine, 2015) and offline-online autoethnography (Mercedes Blanco, 2012; Aitza Calixto, 2022). Using the social networks Facebook, Twitter and Instagram, we connected the coordinates and crossroads of the diffracted spaces-times in which the discursive materialities mentioned gained visibility and importance in the world of onlife. We also used digital platforms such as YouTube and the Google search engine when it was necessary to expand the search. The research design comprised three moments of interaction called exploration, familiarization and deepening (Eumelia Galeano, 2012). In this way, we consider that the technobiodiscursive production of Carolina Sanín and Djamila Ribeiro is linked to three key aspects: the relationship between nature, humans and technology; the relationship between women and technologies; and the relationship between women, social-digital networks and online discourses. These aspects, analyzed at the intersection of body, technology and discourse, show that one of the characteristics of the techno-biodiscursive regimes for women read as 'white' or read as 'black' is the scene of digital violence, but the ways in which this type of digital aggression is perpetrated are not the same and, therefore, an intersectional perspective that considers how certain gender, racial, social class, generational and technological values play into the game of exclusion, invisibility and silencing is fundamental. Another feature is the technological 'self' or fragmented 'self' as a tool, and the way humans and technologies work together to co-create and propagate semantic excesses. The semantic excesses fit into an eternal and tiresome discussion provided by the technosigns of \"comment\" and \"from comment to comment\", which are designed to extend a digital discourse to infinity. We can see that Carolina Sanín and Djamila Ribeiro are the targets of conversions offline and through other channels, such as WhatsApp, in which their actions are questioned because they are considered contradictory, accompanied by cursing and disqualification. In this sense, we are alerted to the need to understand in which digital dynamics people appear who do not agree with them and who disqualify them, since on YouTube (which is not a social network, but a music platform) there are more comments that reject them, disqualify them or make jokes. However, on social networks such as Facebook and Instagram, there are more comments of favoritism and digital recognition. Finally, Carolina Sanín and Djamila Ribeiro's online writings of the self become techno-biodiscursive crossroads between 'biological women' and 'trans people', participating in the creation of ambiguous meanings about 'sex' as a norm and as resistance. Their discursive materiality, centered on claiming their places as 'biological women' who write, denounce and deal with sexism and racism, works by legitimizing an idea of the 'real' woman that excludes from these places of claim and from such ontological powers the corporealities that do not present such a level of intelligibility, both women who do not comply with the biological, racial and social class standard, implicit in the category 'woman', and gender and sexual dissidents. Faced with the irreconcilable level at which on-line discussions-interactions between 'biological women' and gender-diverse people, especially trans people, are intertwined, we turn to Maria Galindo (2022) to understand that this place of irreconcilability is still part of being situated in the sphere of ideology, and it is imperative that we situate ourselves in the sphere of ethics. To do this, we need to recognize, as daughters, sons and daughters of the South, of a Bastard South, which owes its existence to colonialism and mestizaje as a systematic process of the rape of indigenous women, that the challenge facing us is to no longer play the eternal game of identity traps. Our origin is bastardized, which is why the horizon of our subversion is the link, it is the sum of individual and collective disobedience, it is the exchange of subversive codes, it is the possibility of writing our own concept of revolution. en
dc.format.extent 328 p.| il., gráfs.
dc.language.iso por
dc.subject.classification Ciências sociais
dc.subject.classification Mulheres
dc.subject.classification Feminismo
dc.subject.classification Materialismo
dc.subject.classification Redes sociais on-line
dc.title Uma análise bastarda das materialidades tecnobiodiscursivas de Carolina Sanín e Djamila Ribeiro
dc.type Tese (Doutorado)
dc.contributor.advisor-co Butturi Junior, Atílio


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