Evidências de validade do Teste Stroop de Cores e Palavras para adultos

Abstract

O Teste Stroop de Cores e Palavras é um teste neuropsicológico desenvolvido em 1935 por John Ridley Stroop, que compreende a apresentação conflitante, ao sujeito, de dois estímulos simultâneos e concorrentes: a leitura de palavras e a nomeação de cores. Classicamente, o teste é realizado em três etapas. A primeira consiste na leitura do nome das cores, impressas em tinta preta. A segunda requer a nomeação de cores, representadas por manchas de tinta. Na terceira, o nome das cores é impresso em uma tinta não correspondente (ex: a palavra ?vermelho? é impressa em tinta verde). Deste modo, nesta situação considerada incongruente, os participantes devem nomear a cor de tinta em vez de ler a palavra, executando uma tarefa menos automatizada - nomeação das cores - enquanto inibem a interferência resultante do processo mais automatizado - leitura da palavra. Tradicionalmente, o Teste Stroop é utilizado na avaliação das funções executivas (FE) e também de alguns de seus componentes, como atenção seletiva, inibição, flexibilidade, memória de trabalho e velocidade de processamento. Entretanto, até o momento, há na literatura uma escassez de referências de evidências de validade das inferências propostas a partir do teste para a população adulta brasileira. Por este motivo, o presente projeto teve por objetivo realizar a busca de evidências de validade do Teste Stroop de Cores e Palavras para adultos. Para isso, inicialmente, foi realizada uma revisão da literatura com o intuito de apresentar o Teste Stroop e identificar as teorias que explicam o efeito obtido pelo teste, bem como os estudos empíricos que o utilizam como meio de avaliação. Posteriormente, foi realizada uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de levantar quais construtos psicológicos são avaliados pelo Stroop, além das versões empregadas e o tipo de participantes/amostras avaliados por ele. Na sequência, foram desenvolvidos estudos de evidências de validade convergente, divergente e por construtos relacionados entre o Stroop e os testes FDT - Teste dos Cinco Dígitos, Wisconsin Teste de Classificação de Cartas ? WCST, Teste de Avaliação da Atenção Seletiva ? EASV, BETA-III ? Subteste Códigos e Hayling Sentence Completion Test (HSCT). Dentre os resultados, foram identificados altos valores de coeficientes de correlação entre indicadores do Stroop e as medidas de velocidade de processamento, caracterizando evidências de validade convergente. Por construtos relacionados, aponta-se a relação moderada entre o Stroop e a medida de inibição do Hayling e, em menor magnitude, com valor limítrofe, a relação entre variáveis do Stroop e escores de flexibilidade e inibição do Wisconsin. Com fracos coeficientes de correlação, têm-se as comparações entre o Stroop e o EASV. Ademais, os dados sociodemográficos dos respondentes foram analisados e indicaram correlações estatisticamente significativas entre variáveis do Stroop e a idade dos participantes, sinalizando melhor desempenho entre os mais jovens em relação ao escore de interferência e o número de erros cometidos. Como conclusão, aponta-se a necessidade de estudos adicionais para verificação de hipóteses residuais levantadas a partir dos resultados obtidos, que dizem respeito à sensibilidade do teste para diferentes faixas etárias e à utilização de outros modelos estatísticos que possam dirimir os problemas das impurezas das tarefas neuropsicológicas.

Abstract: The Stroop Color-Word Test is a neuropsychological test developed in 1935 by John Ridley Stroop. It involves the conflicting presentation of two simultaneous and competing stimuli to the subject: reading words and naming colors. Classically, the test is conducted in three stages. The first stage involves reading the names of colors printed in black ink. The second stage requires naming colors represented by ink blots. In the third stage, color names are printed in non-matching ink colors (e.g., the word \"red\" is printed in green ink). In this incongruent situation, participants must name the ink color instead of reading the word, engaging in a less automated task (color naming) while inhibiting interference from the more automated process (word reading). Traditionally, the Stroop Test is used to assess executive functions (EF) and some of its components, such as selective attention, inhibition, flexibility, working memory, and processing speed. However, up to this point, there's a scarcity of references to evidence of validity for inferences drawn from the test within the Brazilian adult population. For this reason, the present project aimed to search for evidence of validity for the Stroop Color-Word Test in adults. To achieve this, a literature review was initially conducted to introduce the Stroop Test, identify theories explaining the obtained effects, and explore empirical studies that utilize it as an assessment tool. Subsequently, an integrative literature review was performed to identify the psychological constructs evaluated by the Stroop Test, its employed versions, and the types of participants/samples it has been applied to. Following this, studies were developed to provide evidence of convergent, divergent, and construct-related validity between the Stroop Test and other tests, including the Five-Digit Test (FDT), Wisconsin Card Sorting Test (WCST), Test of Selective Attention Assessment (EASV), BETA-III ? Codes Subtest, and Hayling Sentence Completion Test (HSCT). Among the results, high correlation coefficients were identified between Stroop indicators and measures of processing speed, indicating evidence of convergent validity. Regarding construct-related validity, a moderate relationship was found between the Stroop Test and Hayling's inhibition measure. To a lesser extent, with borderline significance, a relationship between Stroop variables and flexibility and inhibition scores from the Wisconsin test was observed. Weak correlation coefficients were observed in comparisons between the Stroop Test and EASV. Furthermore, demographic data of respondents were analyzed, revealing statistically significant correlations between Stroop variables and participants' age, indicating better performance among younger individuals in relation to interference scores and the number of errors committed. In conclusion, there is a need for additional studies to verify residual hypotheses arising from the obtained results. These hypotheses concern the test's sensitivity across different age groups and the use of alternative statistical models to address the challenges posed by impurities in neuropsychological tasks.