Reintervenção endodôntica em dentes irradiados: efeito do momento de realização do tratamento endodôntico (pré e pós-irradiação) e da dose de irradiação na quantidade de material obturador remanescente

Abstract

A reintervenção endodôntica em dentes irradiados possui poucas evidências científicas e faltam protocolos clínicos para pacientes oncológicos que passaram pela radioterapia de cabeça e pescoço. O objetivo deste estudo in vitro foi investigar o efeito da radioterapia na quantidade de material obturador remanescente aderido às paredes do canal radicular após reintervenção endodôntica, em função do momento em que o tratamento endodôntico foi realizado (pré e pós-radiação) e da dosagem de radiação recebida. Sessenta pré-molares inferiores humanos unirradiculares foram distribuídos em 5 grupos (n = 12), de acordo com o tempo e dosagem de radiação (55 Gy ou 70 Gy): NegativoGC (grupo controle negativo) - dentes não irradiados; Endo-pre-RT55 - obturação do canal radicular antes da irradiação (55 Gy); Endo-pre-RT70 - obturação do canal radicular antes da irradiação (70 Gy); Endo-post-RT55 - obturação do canal radicular e reintervenção após irradiação (55 Gy); e Endopost- RT70 - obturação do canal radicular e reintervenção após irradiação (70 Gy). As raízes foram clivadas em hemissecções e analisadas em estereomicroscópio e Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) para quantificar (%) o material obturador remanescente. As comparações intergrupos e intragrupos foram realizadas pelo teste ANOVA de um fator, e teste post hoc de Tukey (a = 0,05). Os grupos experimentais apresentaram uma quantidade significativamente maior (P < 0,05) de material obturador remanescente nos terços médio e apical do que o grupo controle, com exceção de Endo-pré-RT55 no terço médio (P < 0,0001). Em todos os grupos, o terço apical apresentou maior quantidade de material obturador remanescente (P < 0,05) aderido às paredes do canal radicular. A radioterapia, antes e depois do tratamento endodôntico primário, aumentou a quantidade de material obturador remanescente aderido às paredes do canal radicular após a reintervenção endodôntica, independentemente da dose de radiação aplicada. Sendo assim, pode ocorrer maior dificuldade na remoção de material obturador durante a reintervenção endodôntica em dentes irradiados.

Abstract: Introduction: Endodontic reintervention in irradiated teeth is a scientific gap to be bridged. This in vitro study investigated the effect of the timing and dosage of radiation therapy on the filling material removal during endodontic reintervention. Method: Sixty single-rooted human mandibular premolars were distributed into 5 groups (n = 12), according to the timing and dosage of radiation (55 Gy or 70 Gy): NegativeCG (negative control group) - non-irradiated teeth; Endo-pre-RT55 - root canal obturation before irradiation (55 Gy); Endo-pre-RT70 - root canal obturation before irradiation (70 Gy); Endo-post-RT55 - root canal obturation and reintervention after irradiation (55 Gy); and Endo-post-RT70 - root canal obturation and reintervention after irradiation (70 Gy). The roots were cleaved into hemisections and analyzed under a stereomicroscope and a Scanning Electron Microscope (SEM) to quantify (%) the amount of remaining filling material. Intergroup and intragroup comparisons were performed with the One-way Analysis of Variance (ANOVA) test and post hoc Tukey's test (a = 0.05). Results: The experimental groups had a significantly greater amount (P < .05) of remaining filling material in the middle and apical thirds than the control group, except for Endo-pre-RT55 in the middle third (P < .0001). In all groups, the apical third had a greater amount of remaining filling material (P < .05) attached to the root canal walls. Conclusion: Radiation therapy, before and after primary endodontic treatment, increased the amount of remaining filling material attached to the root canal walls after endodontic reintervention, regardless of the radiation dose delivered.