Turismo de fundo é aqui na 018: mulheres familiares de pessoas encarceradas enquanto operadoras de mercados e cuidados

Abstract

Pesquisa etnográfica localizada no extremo oeste do estado de São Paulo em ambiente de proximidade familiar dividida em período de Campo I entre janeiro a julho do ano de 2021 e Campo II de junho a novembro de 2022 onde produzimos 30 entrevistas gravadas e diário de campo assim como a participação em eventos públicos. A cidade de Lavínia-SP destaca-se pela escalada da população prisional: quatro unidades superlotadas que fazem o número de pessoas presas dobrarem o de moradores locais renovando as acomodações de significado da instituição onde a categoria econômica se sobressai e consagra um fluxo específico de mulheres familiares e visitantes de prisões e de cidades. Dessa forma encontramos na teoria dos mercados contestados compreensão daquilo que localiza a prisão enquanto símbolo do desenvolvimento econômico local. Também ao nos depararmos com a exigência do campo em considerar a variável gênero foi na categoria cuidado que apontamentos surgiram para uma análise que se predispõe descrever possíveis disposições objetivas em subjetividades compostas pela obrigatoriedade da passagem pelo cárcere. Assim guiamo-nos pela seguinte pergunta: como ocorre a formação das categorias econômicas neste contexto de complexo prisional localizado no interior mais distante? Somada à etnografia abordamos uma economia política local através de levantamento bibliográfico e consulta ao acervo de um jornal regional tão bem como o uso de dados secundários. O cenário empírico discorre entre: 1) A casa da Família M; 2) Pelas ruas e casas da cidade; 3) A pousada da Margarita; 4) A pousada do Mario; e 5) No subúrbio de Guarulhos-SP. Cenas sociais que se encontram a partir de um mesmo circuito enquanto parte da política de interiorização penitenciária do Estado de São Paulo. Como integrante de um núcleo de pesquisa em sociologia econômica direcionamos nossas possibilidades de diálogo com renovadas perspectivas no campo dos estudos prisionais que recusam olhar para a instituição prisão como mundo à parte ou isolado. Dessa forma nossos principais achados empíricos nos guiam para uma sociologia econômica do encarceramento em massa.

Abstract: This ethnographic research was conducted in the far west of São Paulo state, in a context of familiar proximity, and was divided into two fieldwork periods: Field I from January to July 2021, and Field II from June to November 2022. During this time, we recorded 30 interviews and made extensive field diary notes, as well as participated in public events. The city of Lavínia-SP is noteworthy due to its scale, featuring four prison units which double the number of incarcerated individuals compared to the local population. This dynamic reshapes the accommodations and significance of the institution, where the economic aspect is predominant, fostering a specific flow of women as relatives and visitors to the prisons and to the cities. Consequently, we found some understanding in the theory of contested markets about how prisons act as engines of local economic development. Furthermore, when addressing the field´s demand to consider the gender variable, it was in the category of care that insights emerged for an analysis predisposed to describe possible objective dispositions into subjectivities formed by the obligatory passage through prisons. Hence, we are guided by the following question: How do economic categories form in the context of a remote prison complex? In addition to ethnography, we also approached a local political economy through bibliographic research and consultation of a regional newspaper?s archives, as well the use of secondary data. The empirical field unfolds across: 1) The M Family´s house; 2) The streets and houses of the city; 3) Margarita´s hostel; 4) Mario´s hostel; and 5) The suburb of Guarulhos-SP. These social scenes intersect through a common circuit as part of the State of São Paulo policy of penitentiary interiorization. As part of a group research in economic sociology, we have directed our dialogues towards fruitful commitments with renewed research in the field of prison studies, which refuses to view this institution separated or isolated from the rest. Thus, we propose the possibility of an economic sociology of mass incarceration.