Viremia baixa persistente em pacientes vivendo com o vírus da imunodeficiência humana em um município do sul de Santa Catarina: um estudo observacional

Abstract

Pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) em terapia antirretroviral (TARV) visam suprimir o vírus, mas algumas experimentam viremia baixa persistente, entre 50 e 1.000 cópias/mL, com diversas implicações virológicas. Este trabalho é um estudo observacional descritivo transversal que, através da análise de exames de genotipagem, carga viral (C.V) e histórico da farmacoterapia, buscou identificar e avaliar o perfil de resistência à TARV e a presença de mutações em pacientes com viremia baixa persistente (C.V < 1000 cópias) em um município da região sul de Santa Catarina. Foram incluídos no estudo 30 pacientes, dos quais 14 (46,7%) persistem com a viremia baixa há um ano, enquanto 23,3% apresentam dois anos de viremia detectável. A prevalência do esquema de TARV utilizado pelos pacientes foi de 43,3% com inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) associados com inibidores de protease (IP), seguido de 23,3% com ITRN associados com inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNN) e 23,3% com ITRN associados com inibidores da integrase (INI). Os exames de genotipagem resultaram indeterminados (RI) em 11 pacientes. Cerca de 34,1% das mutações aos antirretrovirais pertencem à classe dos ITRNN, enquanto 26,8% pertencem à classe ITRN. Entre as doenças associadas, a maioria dos pacientes pesquisados (73,3%) possui doenças crônicas associadas ao HIV. O perfil de pacientes com viremia baixa persistente esteve mais prevalente em mulheres do que em homens, com idade entre 41 a 50 anos. O principal subtipo circulante encontrado foi o C, e as principais mutações associadas à resistência foram M184V, T215Y, M41L, K70N e L74I da classe dos ITRN, e K103N, E138A, K103S, V106M, F227L e L100V na classe dos ITRNN. Nesse contexto, a resistência aos antirretrovirais é considerada um problema de saúde pública, pois compromete a eficácia e contribui para o insucesso da TARV. A avaliação precoce através do exame de genotipagem é necessária para desenvolver o manejo adequado desses pacientes. O profissional farmacêutico consegue avaliar a adesão à farmacoterapia e monitorar a carga viral no ato de cada dispensação. Assim, a solicitação do exame de genotipagem pelo farmacêutico para fins de monitoramento de resistência farmacológica em pacientes com viremia baixa persistente seria um instrumento para otimizar o manejo adequado do tratamento, a fim de garantir o uso racional de medicamentos. Neste sentido, foi desenvolvido um protocolo para solicitação de exames de genotipagem pelo profissional farmacêutico para monitorar a farmacoterapia do paciente e garantir a eficácia terapêutica. Também foi elaborado um infográfico sobre a cascata do cuidado contínuo e um material didático para as pessoas que vivem com HIV.

Abstract: People living with human immunodeficiency virus (HIV) on antiretroviral therapy (ART) aim to suppress the virus, but some experience persistent low-level viremia, between 50 and 1,000 copies/mL, with various virological implications. This work is a crosssectional descriptive observational study that, through the analysis of genotyping tests, viral load (V.L.), and pharmacotherapy history, sought to identify and assess the resistance profile to ART and the presence of mutations in patients with persistent lowlevel viremia (V.L. < 1000 copies) in a municipality in the southern region of Santa Catarina. Thirty patients were included in the study, of whom 14 (46.7%) have had persistent low-level viremia for a year, while 23.3% have had detectable viremia for two years. The prevalence of ART regimens used by patients was 43.3% with nucleoside reverse transcriptase inhibitors (NRTIs) associated with protease inhibitors (PIs), followed by 23.3% with NRTIs associated with non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors (NNRTIs) and 23.3% with NRTIs associated with integrase inhibitors (INIs). Genotyping tests were indeterminate (RI) in 11 patients. About 34.1% of antiretroviral mutations belong to the NNRTI class, while 26.8% belong to the NRTI class. Among associated diseases, most patients surveyed (73.3%) have chronic diseases associated with HIV. The profile of patients with persistent low-level viremia was more prevalent in women than in men, aged between 41 and 50 years. The main circulating subtype found was C, and the main resistance-associated mutations were M184V, T215Y, M41L, K70N, and L74I in the NRTI class, and K103N, E138A, K103S, V106M, F227L, and L100V in the NNRTI class. In this context, antiretroviral resistance is considered a public health problem as it compromises efficacy and contributes to ART failure. Early evaluation through genotyping tests is necessary to develop appropriate management for these patients. The pharmaceutical professional can assess adherence to pharmacotherapy and monitor viral load at each dispensation. Thus, the pharmacist's request for genotyping tests for pharmacological resistance monitoring in patients with persistent low-level viremia would be an instrument to optimize proper treatment management, ensuring the rational use of medications. In this sense, a protocol was developed for the request of genotyping tests by the pharmaceutical professional to monitor the patient's pharmacotherapy and ensure therapeutic efficacy. An infographic on the cascade of continuous care and educational material for people living with HIV was also developed.