Do ecofeminismo às sindemias: similaridades, alcance e limites conceituais em Karen J. Warren e Merrill Singer

Abstract

Esta dissertação analisa o ecofeminismo de Karen J. Warren e o fenômeno conhecido como sindemia, cunhado por Merrill Singer, para posteriormente fazer relações destes temas enquanto crises ecológicas, políticas, sociais e no campo da saúde humana, compreendendo a decadência antropocêntrica e a importância de dar espaço e ouvidos para outras vozes e culturas enquanto manifestações na busca por soluções às crises multidimensionais. Correlacionar a valorização, nos ecofeminismos, da diversidade, com a alteridade, e a relação com o outro. Compreender como se pode utilizar da abordagem ecofeminista para olhar o campo sindêmico; refletir sobre o patriarcado e suas inter-relações num cenário sindêmico. O ecofeminismo, aqui apresentado, destaca uma visão de mundo diferente da masculinizada através da análise entre a opressão social e exploração da natureza. Assim, busca-se compreender as estruturas conceituais opressoras como geradoras dos diferentes sistemas de dominação (gênero, classe, espécies, racial) sendo estes desdobramentos do patriarcado colonizador. Uma crítica social é inevitavelmente apresentada, à ética utilitarista ou que refletem a racionalidade machista. Assim como uma proposta de alternativa através da ética sensível ao cuidado de Warren, que busca por valores como amizade, respeito, empatia, sendo estas qualidades centrais. Bem como a considerabilidade moral de não humanos. Além disso, esta dissertação também explora a interseccionalidade das crises sindêmicas no campo ecológico, social e em relação a saúde humana de uma forma ampliada, buscando compreender as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre múltiplos eixos de subordinação e como sistemas discriminatórios colaboram para criar desigualdades fundamentais que determinam as posições relativas de mulheres, grupos raciais, étnicos, classes sociais e outros segmentos. Ao explorar como as práticas ecofeministas podem ser aplicadas em contextos sindêmicos, argumenta-se que a inclusão de perspectivas marginalizadas e a promoção de uma ética de cuidado são essenciais para enfrentar as crises complexas e interconectadas do nosso tempo. A análise propõe que a abordagem da ética sensível ao cuidado pode apresentar caminhos e inspirações viáveis para questões éticas que podem surgir em contextos sindêmicos.

Abstract: The present work aims to analyse Karen J. Warren's ecofeminism and the phenomenon known as syndemic, coined by Merrill Singer, to subsequently relate these themes as ecological, political, social crises and within the field of human health Also aims to understand anthropocentric decadence and the importance of giving space for other voices and cultures as manifestations in the search for solutions to multidimensional crises. Correlate the valorization, in ecofeminisms, of diversity, with otherness, and the relationship among human beings. Understand how the ecofeminist approach can be used to look at the syndemic field; reflect on patriarchy and their interrelations in a syndemic scenario. Ecofeminism, presented here, highlights a different worldview from the masculinized one through the analysis between social oppression and exploitation of nature. Thus, we seek to understand the oppressive conceptual structures as generators of different systems of domination (gender, class, species, racial), these being consequences of colonizing patriarchy. A social criticism is inevitably presented, to utilitarian ethics or those that reflect sexist rationality. As it was hightlighted, as an alternative proposal through Warren's care-sensitive ethics, which seeks values such as friendship, respect, empathy, these being central qualities. As well as the moral considerability of non-humans. Additionally, this dissertation also explores the intersectionality of syndemic crises in the ecological, social, and human health fields in an expanded manner, seeking to understand the structural and dynamic consequences of the interaction between multiple axes of subordination and how discriminatory systems collaborate to create fundamental inequalities that determine the relative positions of women, racial and ethnic groups, social classes, and other segments. By exploring how ecofeminist practices can be applied in syndemic contexts, it is argued that the inclusion of marginalized perspectives and the promotion of an ethics of care are essential to addressing the complex and interconnected crises of our time. The analysis suggests that the approach of an ethics of care can present viable pathways and inspirations for ethical issues that may arise in syndemic contexts.