Avaliação de fibronectina em carcinoma epidermoide de boca

Abstract

Introdução: Dentre as neoplasias malignas que acometem a cavidade oral, o carcinoma epidermoide de boca (CEB) representa a malignidade mais comum. Seus principais fatores etiológicos são o consumo de tabaco e álcool. Para definir o estadiamento e prognóstico do CEB, a classificação TNM é amplamente utilizada, no entanto, é um sistema que apresenta pontos falhos. Pacientes que apresentam o mesmo estadiamento podem ter desfechos clínicos distintos e diferentes níveis de agressividade dos tumores. Dessa forma, a busca por fatores adicionais que complementem a estratificação da agressividade do CEB e que forneçam maior certeza ao prognóstico dos pacientes, tem aumentado. Esses estudos são importantes pois os resultados podem contribuir para a elaboração de planos de tratamento mais individualizados e direcionados para cada paciente. A fibronectina (FN), uma proteína que tem sua expressão aumentada durante o processo de transição epitélio-mesenquimal (TEM), tem mostrado relevância no valor prognóstico de diferentes tipos de carcinomas. Objetivo: Avaliar a expressão imuno-histoquímica da FN e correlacionar os resultados com características clínicas e patológicas, a fim de elucidar seu valor prognóstico no CEB. Metodologia: 37 amostras de CEB foram submetidas à marcação imuno-histoquímica para FN. A análise da imunomarcação e a categorização dos padrões de expressão foram realizadas por um patologista bucal experiente e dois avaliadores calibrados. A expressão de FN nas amostras foi classificada qualitativamente em negativo, positivo discreto, positivo moderado e positivo forte, em áreas de hot spot do estroma tumoral. As análises estatísticas foram feitas através de testes não-paramétricos para amostras independentes. Valores de p<0,05 foram significantes estatisticamente. Resultados: Os casos com ausência de metástase locorregional exibiram predominantemente o padrão de expressão negativo (p=0,028). Os casos que receberam quimioterapia adjuvante apresentaram com maior frequência o padrão de expressão positivo discreto, quando comparado aos casos que não receberam (p=0,02). Tendências significativas foram observadas em relação ao tamanho tumoral, onde tumores de tamanho inferior a 4 cm exibiram padrão de expressão negativo em sua maioria (p=0,088), e também em relação a gradação histopatológica, onde as expressões positivas moderada e/ou forte só estiveram presentes nos grupos “moderadamente diferenciado” e “indiferenciado” (p=0,08). Não foram observadas associações estatísticas entre a FN e as variáveis clínicas. Conclusão: Existem indícios de que a FN tem potencial de influência na evolução do CEB, principalmente relacionada à metástase locorregional.

Background: Among malignant neoplasms affecting the oral cavity, oral squamous cell carcinoma (OSCC) is the most common. Key etiological factors include tobacco and alcohol use. The TNM classification system is widely used to define OSCC staging and prognosis; however, it is a system that presents some flaws. Patients classified within the same TNM stage can experience different clinical outcomes and tumor aggressiveness. This discrepancy has driven the search for additional factors that could better stratify OSCC aggressiveness and offer more accurate prognostic insights. These studies are important as they can contribute to the development of more individualized and targeted treatment strategies for patients. Fibronectin (FN), a protein whose expression increases during the epithelial-mesenchymal transition (EMT), has shown relevance in the prognostic value of different types of carcinomas. Aim: Evaluate the immunohistochemical expression of FN and correlate the results with clinicopathological parameters, in order to investigate its prognostic value in OSCC. Methodology: 37 OSCC samples were subjected to immunohistochemical staining for FN. The analysis and categorization of FN expression were carried out by an experienced oral pathologist and two calibrated evaluators. FN staining was classified as negative, weak, moderate and strong, in the tumor’s hotspot areas. Statistical analyses were performed using nonparametric tests, with values of p<0.05 considered statistically significant. Results: Cases without locoregional metastasis predominantly exhibited the negative staining (p=0.028). Patients who required chemotherapy showed a higher incidence of weak staining, compared to those who did not undergo chemotherapy (p=0.02). A correlation with tumor size was noted, where tumors smaller than 4 cm predominantly showed negative staining (p=0.088). Regarding histological grading, moderate and strong staining were observed only in the “moderately differentiated” and “poorly differentiated” groups (p=0.08). No statistically significant associations were observed between FN and clinical parameters. Conclusion: Evidence suggests that FN may have the potential to influence the progression of OSCC, particularly in relation to locoregional metastasis.