Title: | Manejo de crises funcionais em adultos no Brasil |
Author: | Moreira, Adriana Boschi |
Abstract: |
Crises funcionais (CF) consistem em episódios de alteração dos movimentos e/ou da consciência que se assemelham a crises epilépticas, embora sem alterações epilépticas eletroencefalográficas. O conhecimento desta condição ainda é limitado, restrito a poucos centros de pesquisa. O objetivo desse projeto foi: (1) analisar o manejo de CF em adultos no Brasil; (2) estimar a prevalência de lesões decorrentes de CF; e (3) conhecer um centro de pesquisa desta condição e trazer sua expertise para o nosso país. Foi realizado: (1) um estudo transversal, em que profissionais pertencentes a associações de classe responderam um questionário online; (2) uma revisão sistemática com meta-análise; (3) um doutorado sanduíche no Royal Hallamshire Hospital. Foi usada estatística descritiva e inferencial (teste de Kruskal-Wallis) para o objetivo (1). A amostra foi composta por 768 profissionais: 247 neurologistas, 361 psicólogos e 160 psiquiatras, de todas as regiões do Brasil. Preponderou o sexo feminino e mais de 9 anos de profissão. O termo mais usado foi ?crises não epilépticas psicogênicas? dentre os neurologistas e ?transtorno conversivo (ou crises conversivas)? dentre psicólogos e psiquiatras. A maioria dos neurologistas e psiquiatras atenderam entre 11 e 100 adultos com CF ao longo de suas carreiras, enquanto a maior parte dos psicólogos nunca atendeu um paciente. O nível de instrução em CF é baixo entre psicólogos e menor do que entre psiquiatras (médio) e neurologistas (alto) (p < 0,01), cujos níveis não diferiram. O nível de confiança em diagnosticar CF é baixo entre psicólogos e menor do que entre neurologistas (médio) e psiquiatras (alto) (p < 0,01), cujos níveis não diferiram. O nível de confiança em tratar CF diferiu entre psicólogos (baixo), neurologistas (médio) e psiquiatras (alto) (p < 0,01). A etiologia de CF mais referendada foi ?conflitos psíquicos?. Psicólogos consideraram que é mais frequente a ocorrência de lesões durante uma crise do que neurologistas e psiquiatras (p < 0,01), cujas opiniões não diferiram. ?História clínica? foi o método mais usado para diagnosticar CF. O segundo mais usado foi vídeo caseiro (neurologistas), exame físico (psiquiatras) e parecer de outra especialidade (psicólogos). Neurologistas e psiquiatras percebem maior dificuldade de acesso a vídeo-EEG do que psicólogos (p < 0,01). O método mais usado para tratar CF é receitar estabilizador do humor (neurologistas), antipsicóticos (psiquiatras) e indicar neurologista (psicólogos). Os três consideraram difícil o acesso dos pacientes a tratamento em saúde mental, entretanto, psicólogos percebem menor dificuldade do que neurologistas (p < 0,01). Durante a pandemia, a demanda de atendimento a esses pacientes nem aumentou nem reduziu. Resultados objetivo (2): ao contrário do conhecimento comum, CF podem causar lesões. Resultados objetivo (3): técnicas de abordagem e manejo das CF foram adquiridas e consolidadas. Conclusão: o manejo de CF em adultos no Brasil varia de acordo com a categoria profissional, evidenciando um maior desconhecimento entre profissionais da Psicologia. A falta de conhecimento e treinamento diminui a confiança em diagnosticar e tratar CF. Portanto, recomenda-se a inclusão do ensino de CF e seu manejo nos cursos de formação continuada, graduação e residência, especialmente psicologia e medicina. Abstract: Functional seizures (FS) consist of episodes of changes in movements and/or consciousness that resemble epileptic seizures, although without electroencephalographic epileptic changes. Knowledge of this condition is still limited, restricted to a few research centers. The objective of this project was: (1) to analyze the management of FS in adults in Brazil; (2) to estimate the prevalence of injuries related to FS; and (3) to visit a research center for this condition and bring its expertise to our country. The following were carried out: (1) a cross-sectional study, in which professionals belonging to associations answered an online questionnaire; (2) a systematic review on the occurrence of injuries due to FS; (3) a sandwich doctorate at the Royal Hallamshire Hospital. Descriptive and inferential statistics (Kruskal-Wallis test) were used for objective (1). The sample consisted of 768 professionals: 247 neurologists, 361 psychologists and 160 psychiatrists, from all regions of Brazil. The majority were female and had more than 9 years of experience in the profession. The most used term was ?psychogenic non-epileptic seizures? among neurologists and ?conversion disorder (or conversion seizures)? among psychologists and psychiatrists. Most neurologists and psychiatrists have seen between 11 and 100 adults with FS over the course of their careers, while most psychologists have never seen a patient. The level of instruction in FS is low among psychologists and lower than among psychiatrists (medium) and neurologists (high) (p < 0.01), whose levels did not differ. The level of confidence in diagnosing FS is low among psychologists and lower than among neurologists (medium) and psychiatrists (high) (p < 0.01), whose levels did not differ. The level of confidence in treating FS differed between psychologists (low), neurologists (medium) and psychiatrists (high) (p < 0.01). The most endorsed etiology of FS was ?psychic conflicts?. Psychologists considered that the occurrence of injuries during an FS is more frequent than neurologists and psychiatrists (p < 0.01), whose opinions did not differ. ?Clinical history? was the most used method to diagnose FS. The second most used was home video (neurologists), physical examination (psychiatrists) and opinion from another specialty (psychologists). Neurologists and psychiatrists perceive greater difficulty in accessing video-EEG than psychologists (p < 0.01). The most used method to treat FS is to prescribe mood stabilizers (neurologists), antipsychotics (psychiatrists) and to recommend a neurologist (psychologists). All three considered it difficult for patients to access mental health treatment, however, psychologists perceive less difficulty than neurologists (p < 0.01). During the pandemic, the demand for care for these patients neither increased nor decreased. Results (2): Contrary to common knowledge, FS can cause injuries. Results (3) FS approach and management techniques were acquired and consolidated. Conclusion: the management of FS in adults in Brazil varies according to the professional category, highlighting a greater lack of knowledge among psychologists. Lack of knowledge and training decreases confidence in diagnosing and treating FS. Therefore, the inclusion of FS teaching and its management in continuing education courses, undergraduate courses, residencies and fellowships, especially psychology and medicine, is recommended. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Florianópolis, 2024. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/261703 |
Date: | 2024 |
Files | Size | Format | View |
---|---|---|---|
PMED0358-T.pdf | 7.658Mb |
View/ |