Como surgem e se perpetuam as instituições que causam a excessiva distinção sexual e a subordinação das mulheres?: Uma leitura institucional das obras da pensadora Charlotte Perkins Gilman

Abstract

A economia ortodoxa, fundamentada em pressupostos marginalistas e no modelo do homo economicus, limita sua compreensão do comportamento humano e das dinâmicas de gênero ao negligenciar os fatores sociais, culturais e institucionais que influenciam a realidade econômica. Essa abordagem, ao tratar o agente econômico como racional e neutro, não considera as desigualdades estruturais que permeiam as instituições sociais e econômicas. Em contraponto, a Economia Institucional Original (EIO), na figura de Thorstein Veblen, adota uma abordagem evolucionária, compreendendo o comportamento humano como resultado da interação entre instintos inatos e hábitos de pensamento, moldados e reforçados pelas instituições. Essas instituições, longe de serem estáticas, evoluíram ao longo do tempo em resposta às dinâmicas sociais e culturais. Esta investigação propôs uma leitura institucional das obras de Charlotte Perkins Gilman, explorando como instituições fundamentais, como o casamento, a maternidade e a família, foram historicamente estruturadas dentro de um sistema patriarcal que reforça a excessiva distinção sexual e perpetua a subordinação feminina. Ao longo do estudo, evidencia-se que a Economia Institucional Original e o pensamento feminista demonstram uma convergência epistemológica, ressaltando seu potencial para crítica e reformulação das estruturas institucionais patriarcais. A investigação atingiu seu objetivo central ao evidenciar como a dependência econômica é compreendida nas obras da autora como o pilar central da perpetuação da subordinação das mulheres, examinando como a configuração da relação sexual como uma relação econômica influencia diretamente nas dinâmicas de poder e desigualdade de gênero. A pesquisa explorou diferentes perspectivas da crítica às instituições gilmanianas, com base em três obras de Gilman: The Yellow Wallpaper (1892), uma narrativa literária que denuncia a opressão psicológica e social das mulheres; Women and Economics (1898), que analisa a dependência econômica feminina e suas raízes institucionais; e Herland (1915), uma utopia feminista que desafia os papéis de gênero e propõe novas formas de organização social.