Abstract:
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A produção de leite e seus derivados apresenta grande importância econômica e
social no estado de Santa Catarina, Brasil. Vírus de importância alimentar,
principalmente os entéricos, são patógenos relevantes que podem estar presentes
nesses alimentos, contribuindo para infecções em humanos. Para enfrentar esse
problema, faz-se necessária a análise desses patógenos em leite e seus derivados.
O desenvolvimento e padronização de métodos para recuperação viral em alimentos
é um desafio devido à dificuldade de retirada dessas partículas nas amostras, à
baixa dose infecciosa e à alta presença de substâncias que inibem a análise
molecular. Nesse sentido, o presente estudo buscou avaliar a recuperação viral
usando dois modelos virais, Norovírus Murino (MNV-1) e Coronavírus Murino
(MHV-3). Tais vírus foram inoculados artificialmente em leite pasteurizado e queijo
muçarela para simular a recuperação de vírus não envelopados e vírus
envelopados, respectivamente. Foram levantadas metodologias na literatura com
foco em protocolos de baixo custo e alta reprodutibilidade para serem aplicados no
contexto de vigilância sanitária, e, portanto, adaptações foram realizadas dentro
desse estudo. Três protocolos foram selecionados e testados em cada matriz, sendo
para leite: 1) Concentração por Polietilenoglicol 6000 (PEG); 2) Eluição com
Tris-Glicina Extrato de Carne (TGBE); 3) Floculação orgânica. Para queijos, foram
avaliados: 1) Concentração por Polietilenoglicol 6000 (PEG); 2) Eluição com
Tris-Glicina Extrato de Carne (TGBE); 3) Eluição com glicina mais clorofórmio (TGC).
Os resultados foram comparados entre cada alimento utilizando valores de
recuperação percentuais e em cópias genômicas recuperadas. Destaca-se o
desenvolvimento de um novo método para recuperação de vírus em amostras de
leite, utilizando a própria floculação do leite na concentração viral, obtendo média de
recuperação de 0,27% para MNV-1 e 0,01% para MHV-3. Em ambas as matrizes, o
protocolo que utiliza TGBE mostrou-se o mais eficiente, recuperando em leite, em
média, 1,4% e 4,3% de MNV-1 e MHV-3, respectivamente. Enquanto em queijo, os
valores foram de 4,7% e 15,1% de MNV-1 e MHV-3, respectivamente. Usando o
método baseado em PEG evidenciou-se uma baixa recuperação em leite (apenas
0,005% para MNV-1 e não detectável para MHV-3), o que pode ter ocorrido devido à
concentração de proteínas e lipídeos do leite no passo de precipitação com o
reagente. Porém, em queijo, o método pode ser uma alternativa viável para uso na
recuperação de partículas virais íntegras. TGC não apresentou recuperação viral
relevante (0,003% para MNV-1 e não detectável para MHV-3). Esse estudo propiciou
o descritivo metodológico para recuperação viral, em leite e queijo, bem como
avaliou um novo método para recuperação viral em leite. Recomendando-se o
método TGBE para vigilância viral em leite e queijo. Espera-se que os resultados
encontrados contribuam em caso de necessidade de pesquisas de vigilância
sanitária em derivados lácteos, bem como contribuam para monitoramento viral
como parte do controle de qualidade de matrizes alimentares lácteas. |