Análise de seca socioeconômica no Rio Tijucas.

Abstract

A seca quando comparada com os demais desastres ambientais, se destaca por seu caráter gradual e por ocorrer ao longo de um período prolongado. Tal característica agrava a quantificação dos impactos e a receptividade humanitária, uma vez que os efeitos não são imediatamente perceptíveis quanto os de outros eventos climáticos. A seca socioeconômica está correlacionada ao momento em que a escassez hídrica começa a causar a falta de bens ou serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica, abastecimento de água e alimentos. Este estudo analisou a seca nos aspectos meteorológicos, hidrológicos e socioeconômicos no Rio Tijucas, utilizando dados meteorológicos e hidrológicos para identificar a ocorrência e a intensidade dos períodos de seca na região. Além disso, empregaram-se indicadores socioeconômicos para detectar períodos de seca, permitindo a comparação entre os períodos de seca socioeconômica, hidrológica e meteorológica. Ao analisar a seca nas questões hídricas em uma perspectiva de 3 e 12 meses, foi possível identificar eventos de diferente duração e intensidade. A comparação desses dados com os indicadores socioeconômicos revelou que, na maioria dos momentos, o rio apresenta excesso hídrico, tanto meteorológico quanto hidrológico, ao mesmo tempo que ocorre a seca socioeconômica. Contudo, foram identificados períodos de seca meteorológica moderada a severa de 2019 a 2022, coincidindo com a seca hidrológica de igual intensidade. Observou-se, ainda, um aumento na severidade das secas ao longo dos anos, especialmente após grandes picos de excesso hídrico. Esses eventos demonstram que o excesso hídrico pode interferir e influenciar no desenvolvimento de secas socioeconômicas, evidenciando que a escassez hídrica não é sempre a única causa deste fenômeno.