Mulheres de direita: partidos e discursos políticos em eleições municipais de Santa Catarina (2020-2024)

Abstract

Este estudo tem como objetivo analisar a presença das prefeitas eleitas nas eleições municipais de 2020 em Santa Catarina, focando em mulheres vinculadas a partidos conservadores, como o PL e o PP. A pesquisa busca compreender os fatores que influenciam sua ascensão ao poder, as dinâmicas ideológicas e as práticas políticas adotadas por essas mulheres, considerando as características do contexto político local, marcado por uma longa tradição conservadora e patriarcal. Para tanto, foi utilizada a metodologia da história oral, com base em entrevistas realizadas com oito prefeitas, analisadas à luz da teoria política de gênero e do conceito de representação política. A pesquisa revela que o capital familiar e as redes de apoio desempenham um papel decisivo na trajetória de muitas mulheres, funcionando como um fator de acesso e manutenção no poder. Embora a presença de mulheres na política seja um avanço, os resultados indicam que muitas dessas prefeitas adotam posturas alinhadas aos valores conservadores de seus respectivos partidos, o que limita a implementação de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade de gênero. Além disso, a pesquisa sugere que, em muitos casos, a adesão política não é fruto de uma escolha ideológica própria, mas sim de uma continuidade das dinâmicas familiares e patrimoniais no exercício do poder. As conclusões apontam para a necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre a verdadeira representatividade das mulheres na política e sobre os desafios enfrentados por elas para implementar mudanças significativas nas estruturas de poder estabelecidas.

This study aims to analyze the presence of female mayors elected in the 2020 municipal elections in Santa Catarina, focusing on women affiliated with conservative parties such as the PL and PP. The research seeks to understand the factors influencing their rise to power, the ideological dynamics, and the political practices adopted by these women, considering the characteristics of the local political context marked by a long conservative and patriarchal tradition. For this purpose, the oral history methodology was used, based on interviews conducted with eight mayors, analyzed through the lens of gender political theory and the concept of political representation. The research reveals that family capital and support networks play a decisive role in the trajectory of many women, serving as a factor for access and maintenance of power. Although the presence of women in politics represents progress, the results indicate that many of these mayors adopt positions aligned with the conservative values of their respective parties, which limits the implementation of public policies aimed at promoting gender equality. Moreover, the research suggests that, in many cases, political adherence is not the result of an ideological choice but rather a continuation of family and patrimonial dynamics in the exercise of power. The conclusions highlight the need for a deeper reflection on the true representation of women in politics and the challenges they face in implementing significant changes to established power structures.