Outras Formas de Habitar o Planeta: O Urbanismo Pré-Colombiano na Amazônia Frente às Narrativas Tradicionais de Desenvolvimento Sociopolítico

Abstract

Este trabalho busca repensar narrativas sobre o desenvolvimento sociopolítico das sociedades humanas, explorando o contexto amazônico pré-colombiano como um contraponto às teorias tradicionais predominantemente baseadas em ambientes temperados, fundamentadas por Childe. Focado nas especificidades das organizações espaciais e na complexificação social na Amazônia durante o Holoceno recente, o estudo propõe rediscutir conceitos como Revolução Neolítica e Urbana, considerando os padrões de ocupação e manejo ambiental evidenciados por pesquisas arqueológicas recentes na região. A pesquisa aborda dois eixos principais: os processos de domesticação de plantas e sua relação com as dinâmicas de mobilidade e alimentação, e a formação de agrupamentos populacionais com organização econômica e política distinta. Com base em dados arqueológicos e etno-históricos, o estudo desafia modelos desenvolvimentistas lineares, ampliando o debate sobre urbanismo e a construção de paisagens antropogênicas. Além disso, a investigação ressalta a relevância contemporânea dessas discussões, propondo a arqueologia como ferramenta para inspirar novas formas de gestão ambiental e organização social diante da emergência climática.

This work seeks to rethink narratives about the socio-political development of human societies, exploring the preColumbian Amazonian context as a counterpoint to traditional theories predominantly based on temperate environments, substantiated by Childe. Focused on the specificities of spatial organization and social complexification in the Amazon during the recent Holocene, the study proposes to re-discuss concepts such as the Neolithic and Urban Revolutions, considering the patterns of occupation and environmental management evidenced by recent archaeological research in the region. The research addresses two main axes: the processes of plant domestication and their relationship with the dynamics of mobility and food, and the formation of population groups with distinct economic and political organization. Based on archaeological and ethnohistorical data, the study challenges linear development models, broadening the debate on urbanism and the construction of anthropogenic landscapes. In addition, the research highlights the contemporary relevance of these discussions, proposing archaeology as a tool to inspire new forms of environmental management and social organization in the face of the climate emergency.