Pedagogia singular: uma (re)orientação fenomenológica do conceito de deficiência

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Pedagogia singular: uma (re)orientação fenomenológica do conceito de deficiência

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dc.contributor Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.advisor Moura, Rosana Silva de
dc.contributor.author Lima, Priscilla Ghizoni
dc.date.accessioned 2024-12-19T23:27:42Z
dc.date.available 2024-12-19T23:27:42Z
dc.date.issued 2024
dc.identifier.other 389486
dc.identifier.uri https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/262358
dc.description Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2024.
dc.description.abstract Esta pesquisa propõe uma (re)orientação fenomenológica do conceito de deficiência situada no horizonte de uma fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger para pensar a questão da formação humana. Dessa forma, lançamos a seguinte pergunta filosófica ? que se tornou central nesta pesquisa: qual a contribuição da filosofia da educação para pensar uma pedagogia singular na indicação formal do conceito de deficiência? Logo, estamos operando no campo da filosofia da educação, pois cabe a ela tentar desvendar e (re)construir o sentido da educação no contexto da existência humana, procurando meditar e dialogar, de modo analítico e interpretativo, diante das questões sobre a formação dos homens; afinal, a filosofia da educação tem essa responsabilidade e compromisso ético no tratamento com o conceito e na tratativa com o nomeado outro, o que possibilita (re)pensar e (re)elaborar os caminhos de aberturas para novas discussões no âmbito da pesquisa educacional. Nessa perspectiva, foi preciso desenvolver o tema analisando-o à luz do referencial filosófico de Martin Heidegger (2000, 2003, 2009, 2011, 2012a, 2012b, 2013, 2015, 2018, 2020, 2021) e Hans-Georg Gadamer (1999, 2002, 2006, 2009), que nos orientaram a pensar a deficiência por meio de uma ontologia fundamental com base na analítica existencial do ser-aí. Além disso, foi necessário dialogar com outros autores que colaboraram com a compreensão da problemática, ancorados na perspectiva da elaboração contemporânea da deficiência, a saber: Alexandre Jollien (2011), Andrea Díaz Genis (2016a, 2016b), Carlos Bernardo Skliar (2003a, 2003b, 2012, 2014), Catherine Malabou (2014) e Pedro Ângelo Pagni (2015, 2017, 2019). Metodologicamente estamos orientados pela fenomenologia hermenêutica, tal como se propõe a própria tese, pois trata-se de uma abordagem que enfatiza a compreensão do ser humano em seu contexto compreensivo e mediante sua finitude, exigindo-nos uma caminhada ao lado do como e do modo dessa existência, que se vela e desvela no seu sendo-aí com sua faticidade, historicidade, cotidianidade e temporalidade. Para tal cor-respondência com a nossa questão central de pesquisa, foi preciso iniciar nossa caminhada filosófica pela análise do indicativo formal do conceito. A indicação formal concerne à indeterminação da faticidade do ser-aí, ou seja, a indicação resguarda o caráter de possiblidade de poder-ser e vir-a-ser no mundo e, por isso, não cabe mais nos determinismos da tradição. Propomos, portanto, percorrer na (des)orientação do conceito, que compreende e une outros tipos de saberes, mas que foge dos monologismos das teorias para se colocar em abertura e tentar acessar a condição principial, isto é, o como e o modo de ser do ente. Nessa perspectiva, conforme nos orienta Heidegger (2013), a hermenêutica da faticidade tem como tarefa tornar acessível o ser-aí próprio em cada ocasião em seu caráter ontológico do ser-aí mesmo, de comunicá-lo e de ?aclarar? essa alienação de si mesmo. Para Heidegger (2018), a identidade, questão importante na nomeação da deficiência, surge da relação ?com? na compreensão da experiência singular que cada ser do ente realiza com-o-outro por meio da linguagem e a diferença pensa a própria diferença; em outras palavras, a diferença para ele está no que deixou de ser pensado pela tradição da metafísica. A história da deficiência é marcada por processos de eliminação, exclusão, invisibilidade, medicalização, correção dos corpos, invenção do conceito de anormalidade, contudo, é justamente nesses tensionamentos que surge a oportunidade de (re)pensar a tradição da história e do conceito da deficiência para trazer outros diálogos, questionamentos e aberturas ao conceito e o modo de ser na deficiência. Analisamos o aspecto histórico efeitual que pautou as concepções da educação dos nomeados deficientes e apontamos três possiblidades de inversão para o problema da alteridade na concepção do ?outro? deficiente na educação: a) a invenção da concepção da deficiência a partir do conceito de normalidade, b) os estudos sobre a deficiência que continuam reverberando os monologismos na educação e c) a estrutura ôntica do fenômeno da deficiência. Para isso, propomos uma (re)orientação fenomenológica que resulte na (des)orientação pedagógica, ou seja, desvencilhar das amarras pedagógicas que ainda continuam replicando os discursos do outro nomeado deficiente e propor outras ações. Porém, reconhecemos que o caminho não é fácil, ao contrário, ele se torna maximamente derradeiro quando tratamos das condições do ser-aí, que é desde sempre inconstante. E, por isso, reafirmamos o caminho pela ontologia fundamental, que une as condições ôntico-ontológicas do ser-aí. A deficiência opera nessa relação ôntico-ontológica e necessita de tal orientação para falar dela, algo que permite uma interpretação-do-ser no-interior-do-mundo com seu modo de existência singular. O homem habita mundo, está-no-mundo e é sendo-no-mundo e, portanto, tem o mundo como sua morada; e nela há um demorar-se, de forma que o ser se apropria de si mesmo de modo poético. Heidegger (2018) diz que o poético é o vizinho do fazer filosófico, por isso o autor indica a possiblidade de o homem habitar poeticamente o mundo, sendo esse um dos caminhos para se chegar à essência da linguagem do ser. E, assim, chegamos até as nossas considerações finais nesta tese e, com ela, destacamos sete proposições de (re)orientação fenomenológica conceitual da deficiência para pensar uma pedagogia singular, a saber: o problema da pedagogia medicalizadora na educação, a pedagogia singular, a tonalidade afetiva na educação, o estar-com-o-outro na educação, a escuta atenta da amizade, a linguagem poética do outro e contribuições da filosofia da educação para a formação humana e uma pedagogia singular na deficiência.
dc.description.abstract Abstract: The present research aims at proposing a phenomenological (re)orientation of the concept of disability, situated within the horizon of Martin Heidegger's hermeneutic phenomenology, in order to reflect upon human formation. The philosophical question which has become central to this research is: what is the contribution of the philosophy of education to thinking a unique pedagogy in the formal indication of the concept of disability? In that sense, we operate in the field of philosophy of education, as it tries to unveil and (de)construct the meaning of education in the context of human existence, seeking to meditate and discuss, in an analytical and interpretative way, topics related to human formation - since the philosophy of education is responsible and ethically committed with the so-called ?other?, which makes it possible to (re)think and (re)elaborate new paths of discussions in the field of education research. Therefore, we are operating in the field of philosophy of education, as it is up to it to try to unveil and (re)construct the meaning of education in the context of human existence, seeking to meditate and dialogue, in an analytical and interpretative way, in the face of questions about the formation of men. After all, the philosophy of education has this responsibility and ethical commitment in dealing with the concept and in dealing with the named other, which makes it possible to (re)think and (re)elaborate the paths of opening for new discussions within the scope of educational research. From this perspective, it was necessary to develop the theme by analyzing it in light of the philosophical framework of Martin Heidegger (2000, 2003, 2009, 2011, 2012a, 2012b, 2013, 2015, 2018, 2020, 2021) and Hans-Georg Gadamer (1999, 2002, 2006, 2009), who guided us to think about disability through a fundamental ontology based on the existential analysis of Dasein. Furthermore, it was necessary to dialogue with other authors who contributed to the understanding of the problem, anchored in the perspective of the contemporary elaboration of disability, namely: Alexandre Jollien (2011), Andrea Díaz Genis (2016a, 2016b), Carlos Bernardo Skliar (2003a, 2003b, 2012, 2014), Catherine Malabou (2014) and Pedro Ângelo Pagni (2015, 2017, 2019). Methodologically, we are guided by hermeneutic phenomenology, as proposed in the thesis itself, as it is an approach that emphasizes the understanding of humans in their comprehensive context and facing their finitude, requiring us to walk alongside the ?how? and the way this existence happens, an existence which shows and hides itself in its Dasein, its everydayness and its temporality. For this correspondence with our central research question, it was necessary to begin our philosophical journey by analyzing the formal indicative of the concept. The formal indication concerns the indeterminacy of the facticity of Dasein, in other words, the indication protects the character of the possibility of being and becoming in the world and, therefore, it no longer fits within the determinism of tradition. We therefore propose to go through a (dis)orientation of the concept, which understands and unites other types of knowledge, but which escapes the monologism of theories, opens itself up and tries to access the main condition, which are the ?how? and the way of the of being of the entity. From this perspective, as Heidegger (2013) guides us, the hermeneutics of facticity has the task of making Dasein accessible on each occasion in its ontological character of Dasein itself, of communicating it and 'clarifying' this alienation from yourself. Identity, an important issue in the naming of disability for Heidegger (2018), arises from the relationship ?with?, in the understanding of the singular experience that each being of the entity carries out with-the-other through language while difference thinks about the difference itself. In other words, difference, for him, lies in what was no longer thought of by the tradition of metaphysics. The history of disability is marked by processes of elimination, exclusion, invisibility, medicalization, correction of bodies, and invention of the concept of abnormality. However, it is precisely from these tensions that emerge an opportunity to (re)think a) the tradition of history and the concept of disability, allowing other dialogues, inquiries and possibilities to the concept, and b) the way of being with disability. We analyze the actual historical aspect that guided the outsets of the education of disabled people and point out three possibilities for inverting the problem of alterity in the conception of the disabled 'other' in education: a) the invention of the conception of disability based on the concept of normality, b) studies on disability that continue to reverberate monologism in education, and c) the ontic structure of the phenomenon of disability. To this end, we propose a phenomenological (re)orientation that results in pedagogical (dis)orientation, that is, freeing ourselves from the pedagogical ties that still replicate the discourses of the other named ?disabled person? and proposing other actions. Nevertheless, we recognize that this is not an easy path. On the contrary, it becomes most ultimate when we deal with the conditions of Dasein, which have always been inconstant. That is why we reaffirm ontology as a fundamental path, for it unites the ontic-ontological conditions of Dasein. Disability operates in this ontic-ontological relationship and requires such guidance to be talked about it, somehow allowing an interpretation-of-being-inside-the-world with its singular mode of existence. Man inhabits the world, is-in-the-world and is-being-in-the-world. Therefore, he has the world as his home, in which he lingers on by appropriating himself in a poetic way. Heidegger (2018) says that the poetic is the neighbor of philosophical action, which is why the author indicates the possibility of man inhabiting the world poetically - this being one of the ways to reach the essence of the language of being. In the final considerations in this thesis, we highlight seven propositions of conceptual phenomenological (re)orientation of disability to think about a singular pedagogy, namely: the problem of the pedagogy of medicalization, the unique pedagogy, the affective tone in education, the idea of being-with-the-other in education, the attentive listening to friendship, the poetic language of the other and the contributions of the philosophy of education to human formation and to a unique pedagogy of disability. en
dc.format.extent 235 p.| il.
dc.language.iso por
dc.subject.classification Educação
dc.subject.classification Educação
dc.subject.classification Pessoas com deficiência
dc.subject.classification Fenomenologia
dc.subject.classification Hermenêutica
dc.title Pedagogia singular: uma (re)orientação fenomenológica do conceito de deficiência
dc.type Tese (Doutorado)


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