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Em um mundo de recursos finitos, pautado na exploração predatória do capitalismo, buscar soluções cíclicas e de trabalho conjunto com a natureza é essencial para a sustentabilidade da vida na Terra. A linearidade de produções com extração de recursos, manufatura e descarte, não conversa com a lógica da natureza. Os processos ecossistêmicos são cíclicos e todo o recurso produzido pelos seres primários, volta para o meio devido a decomposição e reciclagem natural dos microrganismos do solo. O modelo de saneamento convencional é linear tratando efluentes, e os dispondo de forma final, descartando elementos passíveis de reinserção no ciclo produtivo, como macronutrientes e matéria orgânica. O início desse sistema se dá em outro, linear: o sistema alimentar. A produção de alimentos típica do agronegócio, supre demandas nutritivas do solo com produtos que extraem nitrogênio, fósforo e potássio da natureza, de forma predatória, como guia o capitalismo industrial. Assim, essa produção de alimentos se pauta na predação de recursos finitos, que em suma, se tornarão excretas, após passar pelo trato digestivo e serão o início do sistema de saneamento convencional, terminando por ser descartados. O fechamento dos ciclos pode ser colocado em prática ao unir o saneamento com a produção alimentar, por meio do Saneamento Ecológico e Transição Agroecológica. Utilizando-se de Banheiros Secos com Vaso Separador, que segregam fezes e urina é possível convertê-los em fertilizantes orgânicos, uma alternativa para a agricultura orgânica, podendo auxiliar na Transição Agroecológica de Sistemas Alimentares. Assim, o presente trabalho apresenta o estado em que se encontra o aceite de jovens estudantes rurais e agricultores urbanos e rurais a respeito desse modelo de saneamento e seus produtos, por meio da aplicação de questionários para três grupos distintos. Também, mostra a importância da prospecção dessa tecnologia e, principalmente, a diferença positiva da aceitabilidade de entrevistados após a apresentação das pesquisas sobre o tema. Conclui a respeito da possibilidade de enquadrar o sistema e os biofertilizantes como agroecológicos, a partir de comparativos teóricos e práticos. Por fim, analisa as adaptações necessárias nas legislações brasileiras para que a tecnologia seja regulamentada. Pois, apesar de não serem regulamentados por lei, os biofertilizantes provenientes de excretas humanas têm sua produção disposta por documentos internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e estudos suecos do programa EcoSanRes. A partir de trabalhos de cunho técnico metodológico, de extensão e pesquisa ativa observa-se que sem nenhum tipo de informação, a aceitabilidade é muito baixa, em comparação a plena aceitação pós palestra informativa, indicando a necessidade de uma educação sanitária sobre o tema. Ainda, por meio da necessidade de participação popular em sua construção, o saneamento ecológico se apresenta como uma prática agroecológica. Também os biofertilizantes, devido às suas características de ciclagem de nutrientes e fertilização biológica, são identificados como biofertilizantes agroecológicos. No caso legislativo, apresenta-se que a união de informações dos documentos nacionais e internacionais proporcionam a construção de uma legislação brasileira intersetorial que regulamente o uso de biofertilizantes provenientes de excretas humanas na agricultura. Os resultados encontrados, permitem identificar como essencial a reformulação da oferta de saneamento básico e de alimentos provenientes de produções justas, para a construção de um mundo socialmente justo, ambientalmente sustentável, economicamente viável, culturalmente aceito e politicamente amparado. Sendo essa elaboração possível pela união do Saneamento Ecológico com Transição Agroecológica. |
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