Abstract:
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Inventários faunísticos possuem uma importância inestimável para o conhecimento e compreensão da biodiversidade presente em cada região. Com base neles é possível traçar estratégias assertivas para a conservação das espécies. Os quirópteros são considerados bons indicadores da qualidade devido sua sensibilidade a mudanças ambientais, como alterações climáticas, perda de habitat e desmatamento, representando assim uma boa fonte de informações para estudos sobre alterações do ambiente. Portanto, se mostra de grande importância conhecer a diversidade, abundância e comunidades deste grupo e entender como as mudanças ambientais os afetam. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento de espécies de Florianópolis, Ilha de Santa Catarina, e analisar a influência de fatores abióticos na sua riqueza e número de capturas. Os morcegos foram coletados através do método de rede de neblina. Priorizou-se áreas de clareiras naturais, próximas ou cruzando rios, em bordas de mata, em abrigos naturais e em locais com plantas apresentando frutos e flores que reconhecidamente atraem espécies de morcegos. Foram realizadas 10 noites de coletas, uma em cada ponto, totalizando 7.920 m².h de rede. Adicionalmente, foram analisados os parâmetros ambientais em cada noite de captura, adquiridos através das estações meteorológicas da Epagri Ciram. Posteriormente foram utilizados Modelos de Regressão Linear Múltipla, para determinar quais fatores abióticos melhor explicam a riqueza e capturas dos quirópteros. Foram capturados 68 indivíduos de morcegos, presentes em 4 famílias, 11 espécies e uma espécie identificada a nível de gênero, sendo que destas, duas representam novos registros para Ilha de Santa Catarina. Os resultados mostram uma prevalência da família Phyllostomidae, seguida por Vespertilionidae, Molossidae e Noctilionidae. Quanto aos fatores abióticos, foi possível verificar uma correlação negativa da velocidade do vento com a riqueza e captura de mamíferos volantes. Já para luminosidade da lua, temperatura máxima e umidade relativa do ar mínima, não foram observadas nenhuma correlação com a riqueza e capturas. Portanto, nossos dados indicam uma defasagem no registro da quiropterofauna da Ilha de Santa Catarina em relação a outras regiões do estado, sendo a velocidade do vento a variável ambiental que melhor explica a riqueza e capturas deste grupo obtidas através do uso de redes de neblina. Desta forma, se mostram necessários mais estudos sobre a diversidade destes animais e sua relação com fatores ambientais para o conhecimento da real riqueza dos mamíferos volantes da Ilha de Santa Catarina. |