Uma análise da literatura sobre o uso de alfa-hidroxiácidos no envelhecimento cutâneo

Abstract

A crescente preocupação com a estética facial e o impacto das redes sociais na pressão estética, aliada ao envelhecimento populacional, impulsionam a popularidade de produtos cosméticos anti-idade. A pele é composta por três camadas principais: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme, camada mais externa, desempenha um papel crucial na manutenção da hidratação e na proteção contra agentes externos, sendo predominantemente formada por queratinócitos, que, ao se diferenciarem, tornam-se corneócitos, formando o estrato córneo, que é o principal alvo dos tratamentos com alfa-hidroxiácidos (AHAs). O envelhecimento cutâneo é um processo multifatorial, podendo ser intrínseco, caracterizado pela degeneração natural da pele, ou extrínseco, resultante de fatores ambientais. Ambos afetam as células e os componentes da matriz extracelular (MEC), levando a mudanças estruturais e funcionais. A pele humana está continuamente sujeita a influências internas e externas que, ao longo do tempo se acumulam e se tornam evidentes por meio do surgimento de rugas, ressecamento, diminuição da integridade da barreira cutânea e afinamento da camada epidérmica. Este trabalho revisa a literatura acerca dos AHAs abordando propriedades físico-químicas, mecanismos de ação, eficácia e aspectos da segurança, considerando os riscos e regulamentações para tornar seu uso mais seguro. A revisão foi feita pela leitura dos resumos e posteriormente dos artigos, selecionando os que mais se relacionavam com o tema delimitado. Com um mercado em expansão no Brasil, os AHA surgem para atuar no combate ao envelhecimento cutâneo por esfoliação química, renovação celular e hidratação. Foi estabelecido por muitos autores que os AHAs promovem a descamação epidérmica através de mecanismos como a quebra da ligação entre os corneócitos, removendo camadas superficiais da epiderme, tendo ação também no estímulo da síntese de elementos como colágeno e glicosaminoglicanos (GAGs), responsáveis por doar firmeza e elasticidade, o que resulta no rejuvenescimento cutâneo. Entretanto, seu uso tópico pode desencadear efeitos adversos devido ao potencial irritante e fotossensibilizante desses ativos. Pesquisas mostram que os AHAs têm potencial de aumentar os danos dos raios ultravioleta, e seu uso deve ser combinado a fotoprotetores. Para aprimorar o perfil de segurança, e elucidar os exatos mecanismos bioquímicos é necessário ampliar as pesquisas para que as informações acerca de efetividade e segurança sejam atualizadas, permitindo que seu potencial terapêutico seja conhecido de forma mais ampla e que o tratamento seja seguro para os consumidores.

The growing concern with facial aesthetics and the impact of social media on aesthetic pressure, combined with population aging, are driving the popularity of anti-aging cosmetic products. The skin is composed of three main layers: epidermis, dermis, and hypodermis. The epidermis, the outermost layer, plays a crucial role in maintaining hydration and protecting against external agents. It is predominantly formed by keratinocytes, which, when differentiated, become corneocytes, forming the stratum corneum, which is the main target of treatments with alpha-hydroxy acids (AHAs). Skin aging is a multifactorial process that can be intrinsic, characterized by natural degeneration of the skin, or extrinsic, resulting from environmental factors. Both affect the cells and components of the extracellular matrix (ECM), leading to structural and functional changes. Human skin is continually subject to internal and external influences that, over time, accumulate and become evident through the appearance of wrinkles, dryness, decreased skin barrier integrity, and thinning of the epidermal layer. This paper reviews the literature on AHAs, addressing their physicochemical properties, mechanisms of action, efficacy, and safety aspects, considering the risks and regulations to make their use safer. The review was done by reading the abstracts and then the articles, selecting those that were most related to the delimited theme. With a growing market in Brazil, AHAs emerge to act in the fight against skin aging through chemical exfoliation, cell renewal, and hydration. It has been established by many authors that AHAs promote epidermal desquamation through mechanisms such as breaking the bond between corneocytes, removing superficial layers of the epidermis, also having an action in stimulating the synthesis of elements such as collagen and GAGs, responsible for providing firmness and elasticity, which results in skin rejuvenation. However, their topical use may trigger adverse effects due to the irritating and photosensitizing potential of these active ingredients. Research shows that AHAs have the potential to increase damage from ultraviolet rays, and their use should be combined with photoprotectors. To improve the safety profile and elucidate the exact biochemical mechanisms, it is necessary to expand research so that information about effectiveness and safety is updated, allowing their therapeutic potential to be more widely known and the treatment to be safe for consumers.