Efeitos da comunicação docente em estudantes de graduação das Ciências da Saúde: uma revisão sistemática e metassíntese

Abstract

A comunicação docente é um aspecto da prática pedagógica que comporta concepções e intencionalidades da formação acadêmica e pode gerar efeitos benéficos ou prejudiciais nos estudantes. Levando em conta a necessidade de realizar uma síntese da literatura sobre esses efeitos, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da comunicação docente nos estudantes de graduação das Ciências da Saúde por meio de uma revisão sistemática e metassíntese. Método: Foram analisados os registros de todos os artigos produzidos nas bases PubMed, Bdenf, Cinahl, Embase, Lilacs, Scielo, Scopus e Web of Science. Foram incluídos estudos primários, quantitativos, qualitativos ou com abordagem mista, escritos em português, inglês, espanhol, publicados em qualquer ano até a data da busca. Resultados: Foram selecionados 48 artigos e o número de participantes incluídos totalizou 8.238 estudantes e 575 docentes. Efeitos benéficos como promoção do bem-estar, sentimento de valorização e autonomia discente foram gerados quando os docentes tinham atitudes como empatia, respeito e motivação. Segundo os docentes, o equilíbrio entre habilidades atitudinais, cognitivas e didáticas pode promover tanto o bem-estar quanto o aprendizado. Sobre os efeitos da comunicação ineficaz os estudantes destacaram os sentimentos de frustração e impotência diante dos comportamentos antiéticos e agressivos dos professores. Os efeitos da comunicação docente violenta foram pouco valorizados pelos professores, mas os estudantes ressaltaram, entre eles, isolamento, sentimento de desconsideração e desvalorização, levando a prejuízo nas interações sociais e sofrimento mental como depressão e ansiedade. Conclusões: A comunicação eficaz e não violenta deve ser abordada no desenvolvimento docente e praticada no cotidiano da formação acadêmica, para promover melhor aproveitamento e bem-estar nos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde.

Abstract: Faculty communication is an aspect of pedagogical practice that encompasses conceptions and intentions of academic training and can generate beneficial or harmful effects on students. Considering the need to synthesize the literature on these effects, the objective of this study was to analyze the effects of faculty communication on undergraduate health science students through a systematic review and meta-synthesis. Method: We analyzed records of all articles produced in the PubMed, Bdenf, Cinahl, Embase, Lilacs, Scielo, Scopus, and Web of Science databases. Primary studies, whether quantitative, qualitative, or mixed-method, written in Portuguese, English, or Spanish, and published at any time up to the search date, were included. Results: A total of 48 articles were selected, and the number of participants included 8,238 students and 575 teachers. Beneficial effects such as the promotion of well-being, a sense of appreciation, and student autonomy were generated when teachers displayed attitudes such as empathy, respect, and motivation. According to teachers, a balance between attitudinal, cognitive, and didactic skills can promote both well-being and learning. Regarding the effects of ineffective communication, students highlighted feelings of frustration and helplessness in the face of unethical and aggressive teacher behaviors. The effects of violent teacher communication were undervalued by teachers, but students emphasized feelings of isolation, disregard, and devaluation, leading to impaired social interactions and mental suffering such as depression and anxiety. Conclusions: Effective and non-violent communication should be addressed in faculty development and practiced in the daily academic training environment to promote better learning outcomes and well-being for undergraduate students in health science courses.