Cargas de treinamento em meio aquático: comportamento e influência sobre os aspectos funcionais de adultos e idosos

Abstract

O monitoramento da carga de treinamento permite o acompanhamento e entendimento das respostas do indivíduo, visando a potencialização dos efeitos provenientes do exercício físico, como a manutenção e o aprimoramento da capacidade funcional. Esta, pode ser trabalhada em diversos tipos de treinamentos, como no treinamento aquático, o qual é caracterizado pelos exercícios feitos na posição vertical em piscinas fundas ou rasas. Já existem estudos que evidenciam as melhoras funcionais nesse tipo de treinamento, porém é escassa a literatura que analisa o comportamento de cargas no meio aquático e a sua influência sobre os aspectos funcionais. Portanto, o propósito deste trabalho é analisar a influência das cargas de treinamento (externa e interna) sobre os aspectos funcionais (aptidão aeróbia, equilíbrio, força de membros superiores e inferiores) no treinamento em meio aquático de adultos e idosos. Trata-se de um estudo observacional de caráter longitudinal, com abordagem quantitativa e objetivo associativo. Participaram do estudo aqueles inseridos no Programa de Extensão de Atividades Aquáticas em Posição Vertical no Centro de Desportos (CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) do segundo semestre do ano de 2023. O período de treinamento teve duração de doze semanas, divididas em três mesociclos, com progressão de intensidade. As sessões foram realizadas duas ou três vezes por semana, com uma parte de treinamento resistido e outra aeróbia, sendo a ordem alternada conforme a semana. Os aspectos funcionais foram mensurados antes e após o programa e as cargas eram coletadas durante as sessões. O comportamento da carga interna e externa ao longo da intervenção foi analisado pelas Equações de Estimativas Generalizadas utilizando o teste post-hoc de Bonferroni e a correlação entre as variáveis de carga de treinamento e os aspectos funcionais pela análise de coeficiente de correlação de Pearson, com nível de significância adotado de 5%. A amostra foi composta por 27 adultos de meia idade e idosos. A carga interna, nos grupos de treinamento de 3 vezes e 2 vezes na semana, apresentou uma diferença significativa entre os grupos no mesociclo 1 (p=0,016) e mesociclo 3 (p=0,011), com cargas superiores no grupo 2x/semana, e a carga externa aumentou significativamente em ambos os grupos no decorrer dos mesociclos (p<0,001), com uma diferença significativa entre os mesociclos 1 e 2 (p=0,029), 1 e 3 (p<0,001) e 2 e 3 (p=0,007). O comportamento da carga interna por ordem da sessão não apresentou diferença significativa e a carga externa aumentou significativamente no decorrer dos mesociclos (p<0,001), independente da ordem da sessão, com uma diferença significativa entre os mesociclos 1 e 2 (p=0,022), 1 e 3 (p<0,001) e 2 e 3 (p=0,009). O teste Timed Up-and-Go velocidade máxima apresentou correlação moderada com a carga interna e o teste Flexão de Cotovelos por 30 segundos demonstrou uma correlação moderada com a carga externa. Portanto, o grupo com maior frequência semanal apresentou maior adaptação ao treinamento; a ordem da sessão não parece influenciar em diferentes comportamentos de carga; o pequeno tamanho da amostra e a pouca variabilidade do treinamento parecem ter influenciado nos resultados de correlação.

The monitoring of training load enables the tracking and understanding of individual responses, aiming to enhance the effects of physical exercise, such as maintaining and improving functional capacity. This can be applied in various types of training, such as aquatic training, which is characterized by exercises performed in a vertical position in deep or shallow pools. There are already studies that demonstrate functional improvements in this type of training, but there is little literature that analyzes the behavior of loads in the aquatic environment and their influence on functional aspects. Therefore, the purpose of this study is to analyze the influence of training loads (external and internal) on functional aspects (aerobic capacity, balance, upper and lower limb strength) in aquatic training for adults and the elderly. This is an observational longitudinal study with a quantitative approach and an associative objective. Participants in the study were those enrolled in the Extension Program of Aquatic Activities in a Vertical Position at the Sports Center (CDS) of the Federal University of Santa Catarina (UFSC) in the second semester of 2023. The training period lasted twelve weeks, divided into three mesocycles with progressive intensity. Sessions were carried out two or three times a week, with a resistance training part and an aerobic part, with the order alternating each week. Functional aspects were measured before and after the program and loads were collected during the sessions. The behavior of internal and external load throughout the intervention was analyzed using Generalized Estimating Equations with Bonferroni post-hoc test, and the correlation between training load variables and functional aspects was assessed by Pearson's correlation coefficient analysis, with a significance level of 0.05. The sample consisted of 27 middle-aged and elderly adults. The internal load, in the training groups of 3 times and 2 times per week, showed a significant difference between the groups in mesocycle 1 (p=0,016) and mesocycle 3 (p=0,011), with higher loads in the 2x/week group. External load increased significantly in both groups over the mesocycles (p<0,001), with a significant difference between mesocycles 1 and 2 (p=0,029), 1 and 3 (p<0,001), and 2 and 3 (p=0,007). The behavior of internal load by session order showed no significant difference, and external load increased significantly over the mesocycles (p<0,001), regardless of session order, with a significant difference between mesocycles 1 and 2 (p=0,022), 1 and 3 (p<0,001), and 2 and 3 (p=0,009). The Timed Up-and-Go test at maximum speed showed a moderate correlation with the internal load and the 30-second Elbow Flexion test demonstrated a moderate correlation with the external load. Therefore, the group with the highest weekly frequency showed greater adaptation to training; the session order did not seem to influence different load behaviors; the small sample size and the low training variability seemed to have influenced the correlation results.