Perspectivas dos técnicos brasileiros sobre a unilateralidade rotacional dos saltos e corrupios da patinação artística sobre rodas

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo investigar a prática da rotação unilateral na patinação artística sobre rodas, uma discussão ainda incipiente na área, especificamente na modalidade "Livre" ou Free Skating, que envolve a execução de saltos e giros (corrupios). Visando contribuir para o avanço do debate acadêmico e prático sobre o tema, a pesquisa concentrou-se nas razões para a preferência pela rotação anti-horária e na atuação dos técnicos em relação às perspectivas unilaterais e bilaterais, além de analisar as opiniões sobre a recente alteração no regulamento, ocorrida em 2022, que introduziu uma bonificação de 60% para corrupios realizados após uma mudança de direção. Também foram investigadas as projeções e perspectivas futuras acerca do tema. Utilizou-se uma abordagem qualitativa descritiva, por meio de entrevistas (online) semiestruturadas com técnicos brasileiros da modalidade. A análise dos dados foi inspirada na análise de conteúdo de Bardin, o que possibilitou identificar as percepções dos técnicos sobre a unilateralidade rotacional e as possibilidades da rotação bilateral. Os resultados revelaram que a imposição da rotação anti-horária na modalidade “Livre” está associada a questões culturais e de facilitação do ensino, sendo amplamente adotada pelos técnicos. Contudo, muitos profissionais reconhecem as vantagens do trabalho bilateral, especialmente após a introdução da bonificação, que foi considerada "incrível e desafiadora" pelos profissionais. Embora a modalidade "Livre" não deva adotar a bilateralidade de forma plena, os técnicos demonstraram maior abertura para incentivar as rotações em ambos os sentidos, à medida que o esporte evolui e exige novas habilidades. Conclui-se que, apesar da resistência à mudança imediata, o estímulo à rotação contrária pode ser relevante para o aprimoramento dos atletas e praticantes, ampliando as possibilidades de desenvolvimento na modalidade.

This research aimed to investigate the practice of unilateral rotation in roller artistic skating, a still emerging topic in the field, specifically in the "Free" or Free Skating event, which involves the execution of jumps and spins (pirouettes). Aiming to contribute to the advancement of academic and practical debate on the subject, the study focused on the reasons for the preference for counterclockwise rotation and the role of coaches regarding unilateral and bilateral perspectives, in addition to analyzing opinions on the recent regulation change in 2022, which introduced a 60% bonus for pirouettes performed after a direction change. Projections and future perspectives on the subject were also investigated. A descriptive qualitative approach was used, with semi-structured online interviews conducted with Brazilian coaches of the modality. The data analysis was inspired by Bardin's content analysis, which enabled the identification of coaches' perceptions regarding rotational unilateralism and the possibilities for bilateral rotation. The results revealed that the imposition of counterclockwise rotation in the free skating event is linked to cultural aspects and facilitation of teaching, being widely adopted by coaches. However, many professionals recognize the benefits of bilateral work, especially after the introduction of the bonus, which was considered "incredible and challenging" by coaches. Although "Free" skating is not expected to fully adopt bilateralism, coaches showed greater openness to encouraging rotations in both directions as the sport evolves and requires new skills. It is concluded that, despite resistance to immediate change, encouraging opposite rotation may be relevant for the improvement of athletes and practitioners, expanding the possibilities for development in the modality.