Na periferia com a experiência da deficiência: intersecções a partir das narrativas de homens periféricos com deficiência da região metropolitana de Florianópolis/SC

Abstract

A presente pesquisa tem por objetivo analisar como homens periféricos com deficiência produzem subjetividades a partir das intersecções entre as masculinidades e a deficiência, a partir do estudo das narrativas de três homens com deficiência, moradores de periferias da região metropolitana da capital catarinense. Utilizo a entrevista semiestruturada e os diários de campo para reunir ? e também narrar ? nossas histórias e, para análises destas, busco, a partir de uma metodologia feminista qualitativa de enfoque narrativo-crítico, apresentar alguns dos aspectos psicossociais constituintes de nossas experiências enquanto homens periféricos com deficiência; suas intersecções com marcadores sociais da diferença ? raça, gênero, sexualidades e periferia; e as estratégias inventivas dos participantes e seus reconhecimentos a partir do corpo com deficiência em/na sociedade. As histórias narradas por Hamyr, Percy e Léo nos instigam a questionar ainda mais a estrutura capacitista-capitalista entroncada no cotidiano, nas ações e nos aspectos da sociedade e na esfera pública e, urgentemente, discutir propostas equitativas e compensatórias que legitimem a Ética do Cuidado como premissa fundamental para as políticas públicas e direitos da pessoa com deficiência.

Abstract: The objective of this research is to examine how peripheral men with disabilities construct subjectivities that are shaped by the intersections between masculinities and disability. To this end, the narratives of three men with disabilities who reside on the outskirts of the metropolitan region of Santa Catarina will be analyzed. I employ semi-structured interviews and field diaries to gather and subsequently narrate our stories. To analyze these narratives, I utilize a qualitative feminist methodology with a narrative-critical approach. This enables me to present some of the psychosocial aspects that constitute our experiences as peripheral men with disabilities. It also allows me to examine the intersections between these experiences and social markers of difference, including race, gender, sexualities, and territory. Finally, it permits me to investigate the inventive strategies employed by the participants and their recognition of the disabled body in society. The narratives of Hamyr, Percy, and Léo prompt a critical examination of the capacitist-capitalist structure that pervades everyday life, social practices, and the public sphere. This examination should urgently address the need for equitable and compensatory proposals that legitimize the Ethic of Care as a fundamental premise for public policies and the rights of people with disabilities.