A arte como ação e ficção: uma ontologia da dança

Abstract

Esta pesquisa problematiza o modo como a dança foi concebida por teorias monistas da arte vinculadas aos paradigmas estético-sensorial e semântico-hermenêutico, seja como arte menor e derivativa em relação às outras artes ou mesmo a partir da negação do seu estatuto ontológico de arte. O ponto de partida foi a teoria da arte de Arthur Danto, cuja noção de arte e artístico fundados em critérios significativos se mostraram inviáveis para se apreender o artístico da arte da dança. Traçando esse horizonte sobre paradigmas das artes e seus respectivos limites diante da arte da dança, busco aqui encontrar uma perspectiva ontológica da arte capaz de apreender a arte da dança em sua plenitude, isto é, sem renegá-la como arte, nem mesmo alocá-la como uma arte menor. Nesse sentido, os argumentos desenvolvidos são i. que o artístico da dança não pode ser apreendido por teorias que não considerem as suas especificidades, a saber, de uma arte que opera nos campos da atividade, atualidade, ficcionalidade e performatividade; e ii. que o paradigma performático-performativo tendo o pluralismo ontológico de fundo, sob o enquadramento da tese da arte como ação proposta nas teorias de David Davies (2004) e Erika Fischer-Lichte (2019) e Celso Braida (2022), oferece critérios e conceitos mais adequados para se pensar a dança como arte plena.

Abstract: This research investigates the way in which dance was conceived in monist theories of art linked to the aesthetic-sensory and semantic-hermeneutic paradigms, whether as a minor and derivative art in relation to other arts or even from the denial of its ontological status as art. The starting point was the art theory of Arthur Danto, whose notion of art and artistic based on significant criteria proved to be unfeasible for understanding the artistic aspect of the dance art. Having outlined this horizon on paradigms of the arts and their respective limits in relation to the art of dance, I seek here to find an ontological perspective of art capable of apprehending the art of dance in its entirety, that is, without denying consider it as art, not even allocate it as a minor art. In this sense, the arguments developed are i. the artistic aspect of dance cannot be grasped by theories that do not consider its specificities, namely, an art that operates in the fields of activity, actuality, fictionality and performativity; and ii. that the performatic-performative paradigm with ontological pluralism as a background, whitin the framework of the thesis of art as action proposed in the theories David Davies (2004), Erika Fischer-Lichte (2019), and Celso Braida (2022), offers more appropriate criteria and concepts for thinking about dance as a complete art.