Prática discursivas de docentes do curso de graduação em enfermagem sobre a saúde da população LGBTQIA+

Abstract

Objetivo: Conhecer as práticas discursivas sobre a saúde da população LGBTQIA+ dos docentes do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Pública do Norte do Brasil. Método: Estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa. Este estudo teve como lócus de pesquisa uma faculdade de Enfermagem pertencente a uma instituição de ensino superior, localizada na capital do estado do Pará, região Norte do Brasil. Participaram da pesquisa docentes enfermeiros do curso de Enfermagem da respectiva instituição de ensino. A coleta de dados foi realizada por meio de consulta a documentos institucionais, questionário sociodemográficos, entrevista semiestruturada e World Café. Foi utilizada a Análise temática de conteúdo com suporte teórico de aproximação foucaultiana e com os estudos de gênero e sexualidade. O processo analítico foi dividido em três etapas distintas: pré análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Os dados encontrados nos documentos e a transcrição dos áudios foram descritos no programa Microsoft Word. Posteriormente para a organização mais detalhada dos dados foi utilizado o software Atlas.ti Resultados: Foram produzidos quatro manuscritos: Análise documental da formação em enfermagem para a diversidade sexual e de gênero; Os Saberes dos Docentes de Enfermagem na Promoção da Saúde da População LGBT; Estereótipos de gênero e diversidade sexual: desafios para o ensino de Enfermagem; e Educação para a Saúde de LGBT: A Percepção dos Docente de enfermagem. Com os manuscritos foi revelado que há uma necessidade urgente de revisão curricular que inclua de forma sistemática e profunda as temáticas de gênero e sexualidade, garantindo uma formação abrangente e inclusiva. Os resultados ainda sinalizam a importância da desconstrução de preconceitos, sendo um fator primordial para uma prática de ensino que compreenda as necessidades sociais em saúde, promovendo um ambiente mais saudável e inclusivo. As reflexões dos participantes da pesquisa revelam a influência dos estereótipos e estigmas nas interações sociais e de como isso reflete no ensino e nos cuidados de saúde. Conclusão: Conhecer os saberes dos docentes de enfermagem sobre saúde LGBT foi o objetivo central desta pesquisa. O percurso escolhido para alcançar essa compreensão envolveu um trajeto de leitura, reflexão e método. Os relatos apresentados nos marcos conceituais sinalizam problemáticas e fundamentam a discussão teórica, abordando concepções históricas, sociais e culturais relacionadas aos saberes. Esses fundamentos são essenciais não apenas para explanações teóricas, mas também para compreendermos ou identificarmos temáticas que são explicitamente ou implicitamente expostas na prática ou no planejamento pedagógico, como nos documentos norteadores do curso de enfermagem, incluindo o Projeto Pedagógico do Curso, planos de aula e ementas. os enunciados dos docentes corroboram com diversos estudos nacionais e internacionais sobre formação, ensino e prática docente para acolher a diversidade sexual. Nesse sentido, é fundamental reconhecer que os aspectos históricos, sociais e culturais são essenciais para analisar a prática de ensino. No entanto, os docentes precisam compreender que o ensino voltado para a diversidade vai além da mera explicação de terminologia ou da exposição de dados epidemiológicos; ele deve ser integrado à rotina educacional, não como um tema isolado, mas como parte intrínseca da prática diária.

Abstract: Objective: To understand the discursive practices on the health of the LGBTQIA+ population among faculty members of the Undergraduate Nursing Program at a public university in Northern Brazil. Method: This is an exploratory and descriptive study with a qualitative approach. The research was conducted at a nursing school within a higher education institution located in the capital of the state of Pará, Northern Brazil. Nurse faculty members from the institution's Nursing Program participated in the study. Data collection was carried out through institutional document consultation, a sociodemographic questionnaire, semi-structured interviews, and a World Café session. Thematic content analysis was used, supported by a Foucaultian theoretical framework and gender and sexuality studies. The analytical process was divided into three distinct stages: pre-analysis, material exploration, and treatment and interpretation of the results. The data found in the documents and the audio transcriptions were described in Microsoft Word. For a more detailed data organization, Atlas.ti software was later used. Results: Four manuscripts were produced: (1) A documentary analysis of nursing education on sexual and gender diversity; (2) Nursing faculty's knowledge in promoting LGBT health; (3) Gender stereotypes and sexual diversity: challenges for nursing education; and (4) Health education for LGBT: Nursing faculty's perception. The manuscripts revealed an urgent need for curriculum revision to systematically and thoroughly include gender and sexuality themes, ensuring comprehensive and inclusive education. The results also highlight the importance of deconstructing prejudices as a crucial factor for teaching practices that address social health needs, promoting a healthier and more inclusive environment. Participants' reflections revealed the influence of stereotypes and stigmas in social interactions and how this impacts teaching and healthcare practices. Conclusion: Understanding nursing faculty's knowledge of LGBT health was the central objective of this research. The chosen path to achieve this understanding involved a process of reading, reflection, and method. The narratives presented within the conceptual frameworks indicate issues and support the theoretical discussion, addressing historical, social, and cultural conceptions related to knowledge. These foundations are essential not only for theoretical explanations but also for understanding or identifying topics that are explicitly or implicitly exposed in practice or pedagogical planning, such as in guiding documents of the nursing program, including the Course Pedagogical Project, lesson plans, and syllabi. The faculty members' statements corroborate various national and international studies on training, teaching, and teaching practices that embrace sexual diversity. In this sense, it is crucial to recognize that historical, social, and cultural aspects are essential for analyzing teaching practices. However, faculty members must understand that teaching about diversity goes beyond merely explaining terminology or presenting epidemiological data; it should be integrated into the educational routine, not as an isolated topic but as an intrinsic part of daily practice.