Efeitos da reabilitação pulmonar sobre a capacidade funcional, a mobilidade e a espessura diafragmática em sobrevivente da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) : um estudo experimental de caso único

Abstract

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) apresenta altos índices de mortalidade em indivíduos internados em unidade de cuidados intensivos. Os indivíduos sobreviventes à SDRA apresentam comprometimento físico, cognitivo e mental em longo prazo, o que torna a reabilitação pós cuidados intensivos fundamental. Porém, há uma escassez de estudos que avaliam os efeitos da reabilitação pulmonar (RP) em indivíduos pós SDRA. Objetivo: Investigar os efeitos de um programa de RP sobre a capacidade funcional e a função diafragmática em paciente sobrevivente da SDRA, identificando o tempo mínimo necessário para que ocorram mudanças nas variáveis propostas. Métodos: Trata-se de um estudo experimental de caso único (desenho AB, sendo A: baseline e B: intervenção). O estudo teve duração de 10 semanas, sendo duas delas de baseline e oito semanas de reabilitação (com treinamento aeróbio e resistido durante 8 semanas, 2 vezes por semana). A capacidade funcional e a função diafragmática foram avaliadas quatro vezes durante a fase de baseline e quatro vezes durante a reabilitação. A capacidade funcional foi avaliada por meio da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos e a função diafragmática pela ultrassonografia (US). Foram mensuradas a mobilidade diafragmática, a espessura na inspiração e expiração, tanto na respiração tranquila quanto na respiração forçada, a taxa de espessamento, a fração de espessura e a ecogenicidade do músculo diafragma. Os dados foram analisados por meio da análise visual por três examinadores e método da banda de dois desvio-padrão (p<0,05). Resultados: Participou do estudo um indivíduo masculino, com idade de 48 anos, com diagnóstico de SDRA por COVID-19, que precisou de internação hospitalar por 29 dias, sendo 23 deles em UTI. Apresentava sintomas persistentes de dispneia e fadiga. Após o programa de reabilitação, o participante do estudo apresentou aumento da mobilidade diafragmática a partir da 2ª semana de reabilitação, da distância percorrida no TC6’ a partir da 6ª semana e da taxa de espessamento a partir da 4ª semana. Conclusão: O indivíduo avaliado neste estudo apresentou melhora da capacidade funcional após o programa de reabilitação determinada pelo aumento da distância percorrida no TC6’, aumento da mobilidade diafragmática e da taxa de espessamento, o que se mostrou consistente com os resultados de estudos da área com indivíduos com outras doenças respiratórias. Espera-se que os resultados deste estudo contribuam para melhor compreensão dos efeitos da reabilitação e da duração mínima de treinamento em pacientes sobreviventes da SDRA.

Abstract: Introduction: Acute Respiratory Distress Syndrome (ARDS) is associated with high mortality rates among individuals admitted to intensive care units. Survivors of ARDS frequently experience long-term physical, cognitive, and mental impairments, underscoring the importance of post-intensive care rehabilitation. However, there is a paucity of studies evaluating the effects of pulmonary rehabilitation (PR) in individuals following ARDS. Objective: To investigate the effects of a PR program on functional capacity and diaphragmatic function in an ARDS survivor, and to identify the minimum time required for measurable changes in the proposed variables. Methods: This study follows a single-subject experimental design (AB design, where A: baseline and B: intervention). The study lasted 10 weeks, including two weeks of baseline assessment and eight weeks of rehabilitation (with aerobic and resistance training conducted twice weekly for eight weeks). Functional capacity and diaphragmatic function were assessed four times during the baseline phase and four times during the rehabilitation period. Functional capacity was measured by the distance covered in the six-minute walk test (6MWT), while diaphragmatic function was evaluated using ultrasound (US). Diaphragmatic mobility, thickness during inspiration and expiration (in both quiet and forced breathing), thickening ratio, thickness fraction, and echogenicity of the diaphragm muscle were assessed. Data were analyzed through visual inspection by three examiners and the two-standard deviation band method (p<0.05). Results: The study involved a 48-year-old male diagnosed with COVID-19-related ARDS, who required a 29-day hospital stay, including 23 days in the ICU. He reported persistent symptoms of dyspnea and fatigue. After completing the PR program, the participant showed an increase in diaphragmatic mobility starting from the second week of rehabilitation, an increase in the 6MWT distance from the sixth week, and an improvement in thickening ratio from the fourth week. Conclusion: The individual assessed in this study demonstrated enhanced functional capacity after the rehabilitation program, indicated by increased 6MWT distance, diaphragmatic mobility, and thickening ratio. These findings align with existing literature on rehabilitation outcomes in individuals with other respiratory diseases. We hope the study’s results will contribute to a better understanding of the effects of rehabilitation and the minimum duration of training required for ARDS survivors.