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Ao longo da história, a relação entre rios e cidades foi intrinsecamente marcada por interdependências que moldaram o desenvolvimento humano. Os rios, além de fornecerem recursos essenciais, como água potável, também possibilitaram atividades como a pesca, a criação de animais, o cultivo de alimentos, e serviram como rotas naturais de transporte e comércio, impulsionando a economia e facilitando a conexão entre territórios. Devido a suas diversas funções, esses corpos d’água tornaram-se elementos centrais na configuração espacial de muitas cidades ao redor do mundo, que estabeleceram-se às suas margens. Contudo, com o avanço da urbanização e da industrialização, essa relação sofreu alterações significativas, que levaram a um processo contínuo de degradação. Muitos rios foram canalizados, poluídos ou tiveram suas margens ocupadas de maneira irregular e desordenada, resultando na perda de seu papel central na vida urbana.
No caso do rio Camboriú, esse quadro não é diferente. O rio, que outrora desempenhava um papel importante na dinâmica econômica e social da região, acabou sendo relegado ao esquecimento em meio à expansão urbana, perdendo parte de sua relevância ambiental, cultural e simbólica. O desenvolvimento acelerado transformou drasticamente a paisagem fluvial, com o adensamento da planície de inundação, impermeabilização intensiva do solo, retirada da vegetação nativa e despejo irregular de resíduos. Tanto Camboriú quanto Balneário Camboriú cresceram “dando as costas” aos seus rios e córregos, não valorizando o potencial desses recursos naturais de contribuir para a paisagem urbana e o bem-estar coletivo.
Diante desse cenário, o rio Camboriú, que poderia atuar como um elo de conexão e integração entre os territórios de Camboriú e Balneário Camboriú, atualmente simboliza uma ruptura entre as duas cidades. Embora seja um elemento capaz de promover espaços de convivência, lazer, mobilidade ativa e qualificação urbana, este reflete a falta de planejamento integrado e de uma visão sustentável para sua preservação e aproveitamento. Essa desconexão evidencia a necessidade de repensar o papel do rio na dinâmica local e de adotar estratégias para que ele se torne um elemento integrador no tecido urbano. |
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