Estratégias da ação pedagógica: as relações entre profissionais docentes no processo de elaboração dos registros pedagógicos na educação infantil

Abstract

Esta pesquisa, em nível de mestrado, buscou compreender como as relações entre profissionais docentes, constituídas no processo de elaboração dos registros pedagógicos, compõem e delineiam a docência na Educação Infantil. Os objetivos específicos foram assim delineados: i) identificar os conceitos demarcados na Reedição das orientações curriculares para a educação infantil da rede municipal de Florianópolis acerca das estratégias da ação pedagógica e da documentação pedagógica; ii) narrar como as/ os profissionais docentes traçam estratégias para organizar as propostas educativo pedagógicas e para compor os registros de forma compartilhada; e iii) examinar os instrumentos utilizados para produção dos registros, considerando a participação e as atribuições dos diferentes profissionais docentes que compõem um mesmo grupo de atuação no contexto pesquisado. Optou-se por realizar um estudo de caso, de abordagem qualitativa, (Minayo, 2016), cujo percurso metodológico combinou três modos de produção de dados: fontes documentais; observação simples (Gil, 2008); e construção de narrativas conjuntas (Flick, 2009), (Jovchelovitch e Bauer, 2008). A pesquisa envolveu o acompanhamento de cinco grupos de atuação [um grupo I, dois grupos II e dois grupos III]. Para a organização dos dados, adotou-se a técnica da análise de conteúdo (Bardin, 2016), dos quais emergiram duas categorias de análises: i) A composição funcional e organizacional dos grupos de atuação: tramas relacionais da docência na Educação Infantil; e ii) Da observação aos registros: caminhos percorridos pelas e entre profissionais docentes para a elaboração dos registros pedagógicos. A fundamentação teórica baseou-se nos preceitos de uma pedagogia da infância (Rocha, 2001), e no pressuposto de que a dimensão relacional é elemento fundante da docência. Para tanto, recorreu-se a: Tardif e Lessard (2009); Teixeira (2007) e Freire (1987). Também discorreu-se sobre os sentidos atribuídos aos registros e a documentação pedagógica ancorando-se em: Weffort (1996); Ostetto (2008, 2015, 2019), Warschauer (2017); Dahlberg, Moss e Pense (2003); Davoli (2017); Gandini e Goldhaber (2002). Os achados indicam que o grupo de profissionais docentes participantes desta pesquisa vale-se de diferentes tipos de registros e estratégias para organizar seus fazeres, sendo que o registro fotográfico tem ganhado grande predominância. Percebe-se que as profissionais docentes criam táticas na busca de melhor efetivar as ações junto às crianças, o que perpassa as conversas cotidianas e a comunicação que se faz ?virtualmente?, pelas redes sociais e pelo compartilhamento no Google Drive. As análises sugerem que o processo de elaboração dos registros ganha maior significado quando é compartilhado e refletido coletivamente. Para isso, é preciso engajamento, compromisso e, principalmente, condições de trabalho como tempos, espaços e materialidades, institucionalmente garantidos para que a reflexão e estudo ocorram; valorização das profissionais, sobretudo das auxiliares de sala. Infere-se que a docência na Educação Infantil é marcada pelo encontro de diferentes profissionais docentes, que compõe categorias funcionais distintas, o que exige destas/es profissionais atuação conjunta e parceria. Esse fazer coletivo, reverberado numa ação reflexiva, é um caminho possível para a construção de ?inéditos viáveis? e, portanto, é movimento de resistência que possibilita trabalhar com e pela infância.

Abstract: This Master?s degree aimed to understan the relationship among teachers in the process of elaborating pedagogical registers, composing, and outlining teaching in early childhood education. The following specific objectives were sought: i) to identify the demarcated concepts in the reissue of the curricular guidelines for early childhood education of the Florianópolis Municipal Network regarding the strategies of pedagogical action and pedagogical documentation; ii) to narrate how the teachers outline strategies to organize educational and pedagogical proposals and to compose registers in a shared way; iii) to examine the instruments to produce the registers considering the participation and responsibilities of different professionals who were in the same group working in the researched context. A case study with a qualitative approach (Minayo, 2016) included a methodological path that combined three ways of producing data: documentary sources, simple observation (Gil, 2008), and construction of joint narratives (Flick, 2009), (Jovchelovitch and Bauer, 2008). The research involved five groups [one group I, two groups II, and two groups III]. To organize the data, content analysis (Bardin, 2016) was adopted, from which two categories of analysis emerged: i) the functional and organizational composition of the action groups: related plots of teaching action in early childhood education and ii) from observation to records: paths teachers take to prepare pedagogical registers. The theoretical foundation was based on the precepts of childhood pedagogy (Rocha, 2001) and the assumption that the relational dimension is a founding element of teaching. For this, the authors Tardif and Lessard (2009); Teixeira (2007) and Freire (1987) were used. The meanings attributed to records and pedagogical documentation were also discussed based on Weffort (1996); Ostetto (2008, 2015, 2019), Warschauer (2017); Dahlberg, Moss, and Pense (2003); Davoli (2017); and Gandini and Goldhaber (2002). Studies indicate that the group of teachers who participated in this research uses different types of registers and strategies to organize their activities, with photographic registers becoming popular. Teaching professionals clearly create tactics to better carry out actions with children. What permeates the online daily conversations and communication via social media and sharing on Google Drive. The analyses suggest that the process of creating records become more significant when shared and reflected collectively. For this, engagement, commitment and, above all, working conditions are necessary, such as, time, spaces and materialities that are institutionally guaranteed for reflection and study to occur; appreciation of teaching professionals, especially classroom assistants. Teaching in early childhood education is marked by the meeting of teaching professionals who make different functional categories, requiring these professionals to act jointly and in partnership. This collective action, reverberated in reflective action, is a possible path to the construction of ?viable innovations? and, therefore, is a movement of resistance that makes it possible to work with and for childhood.