Levantamento sobre a resistência a inseticidas em populações brasileiras de Aedes aegypti através de uma revisão de escopo

Abstract

Cerca de 80% da população mundial vive em áreas de incidência de doenças transmitidas por vetores e, no Brasil, o Aedes aegypti tem seu controle feito principalmente através da aplicação de inseticidas, o que leva essas populações a um cenário de resistência aos compostos comummente usados no seu controle, devido à pressão seletiva. Portanto, o objetivo deste estudo foi realizar uma triagem de todas as informações disponíveis entre 2013 e 2023 a respeito do status de resistência das populações brasileiras de Aedes aegypti frente a quaisquer compostos inseticidas estudados cujos bioensaios de exposição foram aplicados para gerar seus resultados. Esses dados foram obtidos através de uma revisão de escopo na literatura sobre o assunto e foi constatado que o inseticida com mais estudos publicados e com os maiores índices de resistência para a espécie em todas as macrorregiões brasileiras foi o Temefós, seguido pela Deltametrina. Para o Temefós, a região Sul, que é a macrorregião menos investigada, observa-se uma concentração de estudos no estado do Paraná, com valores máximos de RR95 de 6,9. A macrorregião Centro-Oeste, a segunda menos amostrada entre as cinco, também possui poucos estudos abrangendo toda a sua área, porém com estudos em ao menos uma cidade em cada estado. No Norte, verifica-se a segunda maior amplitude de valores entre as regiões, com variações de RR95 de 3,0 a 20,0. No Sudeste, destacam-se amostragens nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com cidades amostradas em mais de um estudo, apresentando amplitude de RR95 de 1,7 a 16,3. O Nordeste possui os estados com mais amostragens e a maior amplitude de valores por município entre todas as macro regiões, com levantamentos de RR95 de 2,4 a 252,7. Este trabalho destaca as dificuldades no controle do vetor da dengue devido à resistência a inseticidas, a necessidade de integrar diferentes métodos de controle e a importância de apoiar continuamente pesquisas para enfrentar efetivamente este cenário.

Abstract: Approximately 80% of the world's population lives in areas where vector-borne diseases are prevalent. In Brazil, the control of Aedes aegypti is primarily carried out through the application of insecticides, which leads these populations to develop resistance to commonly used compounds due to selective pressure. Therefore, the aim of this study was to screen all available information from 2013 to 2023 regarding the resistance status of Brazilian populations of A. aegypti to various insecticides, based on exposure bioassays. These data were obtained through a scoping review of the literature on the subject, and it was found that the insecticide with the most published studies and the highest resistance indices for the species across all Brazilian macro-regions was Temephos, followed by Deltamethrin. For Temephos, the South region, which is the least investigated macro-region, shows a concentration of studies in the state of Paraná, with maximum RR95 values of 6.9. The Central-West region, the second least sampled among the five, also has few studies covering the entire area, but there are studies in at least one city in each state. In the North, the second largest range of values among the regions is observed, with RR95 variations from 3.0 to 20.0. In the Southeast, sampling is prominent in the states of São Paulo and Rio de Janeiro, with cities sampled in more than one study, showing an RR95 range of 1.7 to 16.3. The Northeast has the states with the most samples and the largest range of values per municipality among all the macro-regions, with RR95 surveys ranging from 2.4 to 252.7. This work highlights the difficulties in controlling the dengue vector due to insecticide resistance, the need to integrate different control methods, and the importance of continually supporting research to effectively address this scenario.