Análise da adoção de ônibus elétricos no transporte público na cidade de São Paulo - Brasil

Abstract

O setor de transporte contribui significativamente para problemas de poluição do ar, incluindo ruído, congestionamento de tráfego e acidentes. Apesar desses desafios, a adoção de ônibus elétricos no transporte público (TP) urbano representa um caminho promissor para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e melhorar a sustentabilidade da mobilidade urbana. A pergunta de pesquisa principal gira em torno de entender como os atores dentro do sistema sociotécnico de TP podem influenciar a integração de ônibus elétricos. A pesquisa utiliza uma abordagem multidisciplinar e estudo de caso na cidade de São Paulo. Inicia com uma revisão sistemática da literatura (método PRISMA) para identificar os desafios da inserção de ônibus elétrico na frota de ônibus do TP. Depois faz-se uso da Perspectiva Multinível (MLP) para evidenciar os atores envolvidos no processo de transição sociotécnica para sustentabilidade no TP. Com o auxílio da Teoria dos Stakeholders e por meio de entrevistas com atores do sistema e análise de webinars, buscou-se compreender como os atores do sistema podem mitigar as barreiras identificadas na adoção de ônibus elétricos. Por fim, a Dinâmica de Sistemas foi utilizada para simular cenários de inserção de ônibus elétricos no TP. Os resultados mostram que, embora a eletromobilidade ofereça uma alternativa sustentável com potencial para reduzir significativamente as emissões de GEE e melhorar a qualidade do ar urbano, a adoção de ônibus elétricos enfrenta desafios consideráveis. Entre os principais obstáculos estão o alto custo inicial dos veículos, a necessidade de expansão da infraestrutura de carregamento e a capacitação de mão de obra para operar e manter esses novos veículos. Sem políticas públicas robustas e incentivos financeiros adequados, a transição segue de forma lenta e insuficiente para atender às metas ambientais estipuladas pela Lei 16.802 de 2018. A partir dos cenários simulados, que variam de uma situação sem incentivos até cenários com subsídios de 20%, 40% e 60%, o estudo conclui que incentivos financeiros podem acelerar a substituição de veículos a diesel por elétricos e reduzir os custos operacionais a longo prazo. Entretanto, mesmo no cenário com maior subsídio, a eletrificação da frota não atende plenamente as metas legais para redução de emissões nos prazos estabelecidos. Essa limitação sugere que são necessárias políticas adicionais e uma abordagem integrada para garantir a transição dentro dos padrões exigidos. O estudo, então, destaca a importância de intervenções combinadas, como subsídios diretos, modelos de negócio inovadores (como a separação entre a propriedade e operação dos veículos), padronização tecnológica e apoio à infraestrutura de carregamento. O papel de uma instituição central, como a SPTrans, é apontado como essencial para facilitar a coordenação entre diferentes atores ? desde operadores e fabricantes até investidores e agências governamentais ? criando um ambiente colaborativo e reduzindo as barreiras de entrada para novos operadores.

Abstract: The transportation sector significantly contributes to air pollution issues, including noise, traffic congestion, and accidents. Despite these challenges, the adoption of electric buses in urban public transportation (PT) represents a promising path to reduce greenhouse gas (GHG) emissions and improve urban mobility sustainability. The primary research question revolves around understanding how actors within the sociotechnical PT system can influence the integration of electric buses. This research employs a multidisciplinary approach and a case study in São Paulo. It begins with a systematic literature review (PRISMA method) to identify the challenges of integrating electric buses into the PT fleet. Then, the Multi-Level Perspective (MLP) framework is applied to highlight the actors involved in the sociotechnical transition towards sustainability in PT. Through Stakeholder Theory, combined with interviews with system actors and an analysis of webinars, the study seeks to understand how these actors can mitigate the barriers identified in adopting electric buses. Finally, System Dynamics is used to simulate scenarios for electric bus integration into PT. The results show that, although electromobility offers a sustainable alternative with the potential to significantly reduce GHG emissions and improve urban air quality, the adoption of electric buses faces considerable challenges. Among the main obstacles are the high initial cost of vehicles, the need for charging infrastructure expansion, and the need for workforce training to operate and maintain these new vehicles. Without robust public policies and adequate financial incentives, the transition proceeds slowly and is insufficient to meet the environmental targets stipulated by Law 16.802 of 2018. Based on the simulated scenarios, which range from a situation without incentives to scenarios with subsidies of 20%, 40%, and 60%, the study concludes that financial incentives can accelerate the replacement of diesel vehicles with electric ones and reduce operational costs in the long term. However, even in the scenario with the highest subsidy, fleet electrification does not fully meet the legal emissions reduction targets within the established deadlines. This limitation suggests that additional policies and an integrated approach are necessary to ensure the transition within the required standards. The study thus highlights the importance of combined interventions, such as direct subsidies, innovative business models (e.g., the separation between vehicle ownership and operation), technological standardization, and support for charging infrastructure. The role of a central institution, such as SPTrans, is highlighted as essential in facilitating coordination among different actors?from operators and manufacturers to investors and government agencies?creating a collaborative environment and reducing entry barriers for new operators.