Grau de microinfiltração e manchamento da interface entre dentes artificiais e compósitos gengivais fotopolimerizáveis

Abstract

A microinfiltração de fluidos e o manchamento na interface entre dentes artificiais e a base de resina são problemas comuns e recorrentes no uso em longo prazo de próteses acrílicas. Este estudo in vitro avaliou impacto de diferentes materiais no grau de microinfiltração e manchamento após imersão em diferentes corantes, além de analisar a força de adesão da interface formada entre o dente artificial e o material aplicado na margem gengival. Foram confeccionados 300 espécimes de dentes artificiais anteriores (Ivostar, Ivoclar Vivadent) incluídos em dois diferentes materiais de base: resina acrílica termopolimerizável convencional (Ondacryl, Clássico) e resina acrílica termopolimerizável de alto impacto (Diamond D, Keystone) (n=150 cada). Os espécimes foram randomizados e divididos de acordo com o material aplicado na margem gengival. Nos grupos controle, a margem foi mantida em resina acrílica (convencional ou de alto impacto) (n=50 cada), enquanto nos grupos experimentais, a margem cervical (2 mm) recebeu a aplicação de compósitos gengivais fotopolimerizáveis em pasta (SR Nexco, Ivoclar Vivadent) ou fluído (Gradia Plus Gum, GC Europe) (n= 50 cada). Após a confecção, os espécimes foram envelhecidos em água destilada a 55ºC por 5 dias e posteriormente randomizados para posterior imersão por 7 dias (37ºC) em duas diferentes soluções corantes (azul de metileno 5% e café) (n=25 cada). Após esse período, os espécimes foram avaliados visualmente em relação ao grau de manchamento superficial. Posterioormente, os espécimes foram seccionados em 3 partes para a avaliação do grau de infiltração. A faixa central (3 mm) foi então analisada em estereomicroscópio. Por fim, os espécimes dos grupos experimentais foram submetidos ao teste de push-out, para avaliação da força de adesão da interface adesiva na região da margem gengival. Os dados de microinfiltração foram analisados com análise de variância (ANOVA) de três fatores para determinar diferenças entre os materiais e as soluções corantes. O manchamento superficial foi avaliado com o teste de Kruskall- wallis e post-hoc de Dunn, enquanto a força de push-out foi avaliada com ANOVA dois fatores (a=0,05). Os grupos controles apresentaram menor microinfiltração (P<0,000) para ambos os corantes, não havendo diferença significativa entre os materiais de base (P=0,643). No azul de metileno, a maior infiltração foi observada no grupo de compósito fluído (Gradia Plus Gum) (P=0,001) para ambos os materiais de base (P<0,000). No café, ambas as consistências de compósito apresentaram maior infiltração (P<0,000) em comparação à margem de resinas termopolimerizáveis, sem diferença significativa entre as consistências de compósitos (P=1,00). Em relação a avaliação visual, a imersão em café produziu maior manchamento das amostras de compósito em pasta (SR Nexco), enquanto o compósito fluído (Gradia Plus Gum) foi mais propenso a ser corado por azul de metileno. Para o teste de força de push-out, nenhuma diferença significativa foi observada entre os diferentes grupos (P>0,05). Assim, é possível concluir que a aplicação de compósitos de caracterização gengival de ambas as consistências resulta em maior microinfiltração de fluidos e possivelmente maior risco de manchamento da margem gengival, porém, essa maior microinfiltração não influencia de forma direta a força de adesão do dente artificial e o material de base.

Abstract: The microleakage of fluids and staining at the interface between artificial teeth and the resin base are common and recurring problems in the long-term use of acrylic dentures. This in vitro study evaluated the impact of different materials on the degree of microleakage and staining after immersion in different dyes, as well as the adhesive strength of the interface formed between the artificial tooth and the material applied at the gingival margin. A total of 300 specimens of anterior artificial teeth (Ivostar, Ivoclar Vivadent) were fabricated and embedded in two different base materials: conventional heat-polymerized acrylic resin (Ondacryl, Clássico) and high-impact heat-polymerized acrylic resin (Diamond D, Keystone) (n=150 each). The specimens were randomized and divided according to the material applied to the gingival margin. In the control groups, the margin was kept in acrylic resin (conventional or high-impact) (n=50 each), while in the experimental groups, the cervical margin (2 mm) received the application of light-cured gingival composites in paste (SR Nexco, Ivoclar Vivadent) or flow consistency (Gradia Plus Gum, GC Europe) (n=50 each). After fabrication, the specimens were aged in distilled water at 55°C for 5 days and then randomized for subsequent immersion in two different dye solutions (5% methylene blue and coffee) (n=25 each) for 7 days (37°C). After this period, the specimens were visually assessed for the degree of surface staining. Subsequently, the specimens were sectioned into three parts and the central section (3 mm) was analyzed under a stereomicroscope for leakage assessment. Finally, the experimental group specimens were subjected to a push-out test to evaluate the bond strength of the adhesive interface at the gingival margin region. Microleakage data were analyzed using three-way analysis of variance (ANOVA) to determine differences between materials and dye solutions. Surface staining was evaluated with the Kruskal-Wallis test and Dunn's post-hoc test, while the push-out strength was evaluated using two-way ANOVA (a=0.05). The control groups showed less microleakage (P<0.000) for both dyes, with no significant difference between the base materials (P=0.643). In methylene blue, the highest microleakage was observed in the flow composite group (Gradia Plus Gum) (P=0.001) for both base materials (P<0.000). In coffee, both composite consistencies showed greater microleakage (p<0.000) compared to the heat-polymerized resin margin, with no significant difference between composite consistencies (P=1.00). Regarding the visual assessment, coffee immersion produced more staining in paste composite samples (SR Nexco), while flow composite (Gradia Plus Gum) was more prone to being stained by methylene blue. For the push-out strength test, no significant difference was observed between the different groups (P>0.05). Thus, it can be concluded that the application of gingival characterization composites of both consistencies resulted in greater fluid microleakage and possibly a higher risk of gingival margin staining; however, this increased microleakage does not directly affect the adhesive strength between the artificial tooth and the base material.