Espécies exóticas invasoras em unidades de conservação federais e estaduais do brasil: status, padrões de distribuição e recomendações para manejo

Abstract

As espécies exóticas invasoras (EEIs) estão entre os cinco principais fatores diretos responsáveis pela perda de biodiversidade em escala global. Essa ameaça tem se intensificado também nas unidades de conservação (UC), que registram um aumento de ocorrência dessas espécies nas últimas décadas. O presente estudo identificou padrões espaciais e fatores que explicam o número de EEIs em UC federais e estaduais no Brasil. Elaboramos uma base de dados de ocorrência de EEIs em UC federais e estaduais a partir da análise de ocorrências relatadas em 424 planos de manejo (PM), e complementamos essa base com outras três bases já existentes: SISBIO, ICMBio e Instituto Hórus. Um modelo linear generalizado foi utilizado para avaliar os fatores que melhor explicam o número de EEIs em UC, utilizando como variáveis explanatórias o bioma, o ano de criação da UC, a área da UC, o grupo da UC e a categoria da UC. Compilamos 5.631 ocorrências de 150 espécies de animais invasores, 179 espécies de plantas invasoras, quatro samambaias, três protistas, uma alga e uma briófita. As unidades de conservação com maior número de EEIs estão concentradas ao longo da costa, no bioma Mata Atlântica, especialmente nas regiões sul e sudeste do Brasil. O bioma, a categoria da UC e o ano de criação da UC foram as variáveis mais importantes, explicando 52,81%, 23,1% e 21,1% da variância do modelo, respectivamente. Nossos resultados destacam a extensão das invasões biológicas nas UC brasileiras, fornecendo uma linha de base sólida e recomendações para subsidiar a tomada de decisão por parte dos órgãos ambientais. Essas informações podem orientar a definição de linhas temáticas, áreas e espécies prioritárias para manejo tanto em nível regional quanto local, bem como, a formulação de políticas e regulamentações relacionadas às espécies exóticas invasoras.

Abstract: Invasive alien species (IAS) are among the top five direct drivers of biodiversity loss on a global scale. This threat has also intensified in protected areas (PAs), which have seen an increase in the occurrence of these species in recent decades. This study identified spatial patterns and factors that explain the number of IAS in federal and state PAs in Brazil. We developed a database of IAS occurrences in federal and state PAs based on reports from 424 management plans (MPs) and supplemented this with data from three additional sources: SISBIO, ICMBio, and the Horus Institute. A generalized linear model was used to evaluate the factors that best explain the number of IAS in PAs, using the biome, year of establishment, area, PA group, and PA category as explanatory variables. We compiled 5,631 occurrences, including 150 invasive animals, 179 invasive plants, four ferns, three protists, one alga, and one bryophyte. The PAs with the highest number of IAS are concentrated along the coast, in the Atlantic Forest biome, particularly in the southern and southeastern regions of Brazil. The biome, PA category, and year of establishment were the most important variables, explaining 52.81%, 23.1%, and 21.1% of the model variance, respectively. Our results highlight the magnitude of biological invasions in Brazilian PAs, providing a solid baseline and recommendations to support decision-making by environmental agencies. This information can guide the identification of priority themes, areas, and species at both regional and local levels, as well as the development of policies and regulations related to invasive alien species