A biofilia na arquitetura: Espaços verdes e materiais naturais na configuração arquitetônica de instituições de longa permanência para idosos

Abstract

O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno social significativo, impulsionado pelo aumento da expectativa de vida, que torna o país cada vez mais maduro. Algumas mudanças que surgem durante o processo de envelhecimento exigem atenção, pois afetam os campos biológico, psíquico e social. Devido aos afazeres cotidianos e atividades laborais, a família nem sempre consegue promover o auxílio necessário à pessoa idosa, fazendo com que esse público seja direcionado para instituições de acolhimento. Nesse contexto, encontram-se as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) que são uma modalidade de atendimento destinada à moradia de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar. A falha na implementação dos direitos de habitação e o descaso para com as necessidades físicas e cognitivas de pessoas idosas institucionalizadas cria um alerta sobre a garantia de bem-estar e qualidade de vida dessa população. Embora diversas pesquisas demonstrem que os espaços verdes e os materiais naturais são universalmente positivos para os seres humanos, e mais especificamente para a pessoa idosa, poucos são os estudos que tratam sobre a integração desses atributos ambientais em espaços construídos. Nesse sentido, objetiva-se avaliar a preferência das pessoas idosas sobre espaços verdes e materiais naturais na configuração arquitetônica de ILPIs em Criciúma/SC. Para atingir esse objetivo, a pesquisa adotou uma abordagem qualitativa e exploratória, cujos procedimentos metodológicos envolveram um levantamento/observações físicas, com o objetivo de identificar a oferta de espaços verdes e o uso de materiais naturais na arquitetura das ILPIs de Criciúma/SC, e a aplicação de entrevistas amparadas por imagens para a aferição de preferências visuais. Os principais resultados demonstram que os espaços externos são altamente valorizados, sendo associados à sensação de liberdade, à realização de exercícios, à socialização e à contemplação. Já os espaços internos se destacam pelos aspectos da socialização e da privacidade. A análise revelou a importância dos espaços verdes na percepção de bem-estar emocional e físico dos residentes. Imagens que incluíam elementos naturais foram as mais apreciadas, indicando uma conexão estética e emocional com a natureza, que também evoca memórias afetivas. A presença de vegetação e espaços para interação social são valorizados, enquanto a ausência desses elementos e a existência de ambientes visualmente monótonos e sem vegetação, são considerados desagradáveis. Ao coletar as preferências ambientais de pessoas idosas institucionalizadas, esta pesquisa sugere uma maior integração de espaços verdes e materiais naturais, especialmente à madeira, à arquitetura dessas instituições. Propõe-se a criação e qualificação de espaços verdes com oferta de espaços contemplativos, amplas aberturas que promovam a visualização do verde e o acesso direto ao ar livre a partir do interior da edificação, especialmente a partir de espaços coletivos, além da inserção de materiais naturais no interior da edificação. Acredita-se que esta seja uma forma de promover ambientes que atendam às necessidades biopsicossociais dos residentes. Ao implementar essas práticas, estima-se que as ILPIs podem melhorar a qualidade de vida e promover um envelhecimento saudável e ativo, alinhando-se a evidências que destacam os benefícios do contato com a natureza.

Abstract: The aging of the Brazilian population is a significant social phenomenon, driven by the increase in life expectancy, which makes the country increasingly mature. Some changes that occur during the aging process require attention, as they affect the biological, psychological and social spheres. Due to daily tasks and work activities, families are not always able to provide the necessary assistance to elderly people, causing this population to be directed to care institutions. In this context, there are Long-Term Care Facilities for the Elderly (LTCF), which are a type of care intended to house people aged 60 or over, with or without family support. The failure to implement housing rights and the disregard for the physical and cognitive needs of institutionalized elderly people raises an alert about ensuring the well-being and quality of life of this population. Although several studies demonstrate that green spaces and natural materials are universally positive for human beings, and more specifically for elderly people, few studies address the integration of these environmental attributes in built spaces. In this sense, the aim is to evaluate the preference of elderly people for green spaces and natural materials in the architectural configuration of LTCF in Criciúma/SC. To achieve this objective, the research adopted a qualitative and exploratory approach, whose methodological procedures involved survey/physical observations, with the objective of identifying the supply of green spaces and the use of natural materials in the architecture of LTCF in Criciúma/SC, and the application of interviews supported by images to assess visual preferences. The main results demonstrate that external spaces are highly valued, being associated with the feeling of freedom, exercise, socialization and contemplation. Internal spaces, on the other hand, stand out for the aspects of socialization and privacy. The analysis revealed the importance of green spaces in the perception of emotional and physical well-being of residents. Images that included natural elements were the most appreciated, indicating an aesthetic and emotional connection with nature, which also evokes affective memories. The presence of vegetation and spaces for social interaction are valued, while the absence of these elements and the existence of visually monotonous and vegetation-free environments are considered unpleasant. By collecting the environmental preferences of institutionalized elderly people, this research suggests a greater integration of green spaces and natural materials, especially wood, into the architecture of these institutions. It is proposed to create and qualify green spaces by offering contemplative spaces, wide openings that promote the visualization of greenery and direct access to the outdoors from inside the building, especially from collective spaces, in addition to the insertion of natural materials inside the building. It is believed that this is a way to promote environments that meet the biopsychosocial needs of residents. By implementing these practices, it is estimated that LTCF can improve the quality of life and promote healthy and active aging, in line with evidence that highlights the benefits of contact with nature.