O memorial Melinda é um relato denso e pessoal do processo de criação do documentário de mesmo nome, concebido como trabalho de conclusão do curso de Cinema na UFSC. A obra nasce do impacto da pandemia de Covid-19, período em que o autor, isolado em Florianópolis, vê inviabilizado seu projeto anterior e decide se voltar à própria história familiar, resgatando memórias através de imagens de arquivo doméstico gravadas por seus pais décadas antes. Ao viajar para Agudo (RS), cidade natal de seus avós, inicia uma imersão afetiva e documental que se desdobra em investigações sobre memória, identidade, e apagamentos históricos.
Entre diários pessoais, relatos de campo e reflexões teóricas, o autor explora três camadas de perda: a dos povos originários soterrados pela colonização e pela construção da Usina Hidrelétrica Dona Francisca; a dos colonos reassentados compulsoriamente; e a de sua própria infância, revisitada por meio de registros analógicos. Com influências marcantes de cineastas como Werner Herzog, Agnès Varda, Patricio Guzmán e Eduardo Coutinho, Gohlke constrói um documentário subjetivo e poético, que articula arquivo pessoal, estética do cotidiano e questões sociopolíticas.
Melinda não é apenas uma homenagem à avó que nomeia o filme, mas também um testemunho sensível da tentativa de compreender o tempo, o luto e a permanência das imagens frente à inevitável erosão da memória.
Description:
TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Cinema.