Mulheres rurais e a reprodução social da agricultura familiar catarinense: acesso à educação, trajetória e geração

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Mulheres rurais e a reprodução social da agricultura familiar catarinense: acesso à educação, trajetória e geração

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Title: Mulheres rurais e a reprodução social da agricultura familiar catarinense: acesso à educação, trajetória e geração
Author: Klock, Patrícia
Abstract: Este trabalho pretende compreender a reprodução social das mulheres rurais na agricultura familiar no estado de Santa Catarina, e como o acesso geracional à educação impacta neste processo. Para isso, se utilizou da técnica de arborescência para o mapeamento de diferentes perfis de mulheres rurais, com a posterior realização de entrevistas semiestruturadas. Assim, o campo ocorreu nas mesorregiões Vale do Itajaí e Oeste do estado, com mulheres rurais vinculadas respectivamente ao sindicato da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do Brasil (FETRAF) e ao Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). O êxodo rural é um fenômeno histórico, em que ocorre a migração predominantemente feminina em todo o país. Isto se deve a fatores como modernização capitalista do campo que diminuiu a força de trabalho e aumenta a concentração de terras, e a diferença entre a socialização feminina e masculina no campo, que destina a elas os trabalhos domésticos e de cuidado e a eles a sucessão e o gerenciamento da propriedade. Além disto, a falta de autonomia, acesso à renda, e a desvalorização do trabalho feminino, compreendido como \"ajuda\", implicam também na maior migração feminina. Ademais, a expansão do sistema educacional alterou o epicentro do sistema de estratificação social, os grupos sociais passaram a ser valorizados por suas credenciais educacionais. Portanto, ao longo do tempo, a agricultura familiar passou a valorizar a educação, incentivando principalmente às jovens a realizarem a reconversão profissional, o que as leva, por vezes, a migrarem em busca de maior formação educacional. Em relação ao campo desta pesquisa, as entrevistadas, nas diferentes gerações, concebem a educação como fundamental, seja para si ou para seus filhos (as) e/ou netos (as). É perceptível que, durante a juventude, as mulheres da terceira geração tiveram grande dificuldade de acesso educacional. Seja devido à falta de escolas com formação além do primário, próximas à residência, ou devido à cultura machista que entende a maior escolarização das mulheres como um problema, já que estas deveriam permanecer no papel de donas de casa e de cuidadoras. Porém, em anos recentes, quando aposentadas e/ou com os filhos adultos, muitas das entrevistadas buscaram dar continuidade aos estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e até mesmo ingressando no ensino superior. Entre as jovens rurais, é consenso a busca por maior escolarização, visando adquirir a formação no ensino superior. Nesse contexto, a educação é uma estratégia utilizada tanto na reprodução e permanência na agricultura familiar, como uma oportunidade de reconversão profissional, principalmente, no caso das jovens. Também entre as entrevistadas, é comum trajetórias com circulação entre os meios urbano e rural, seja para trabalho, estudo ou exercendo concomitantemente duas profissões. Por fim, a busca por maior escolarização pelas mulheres rurais, tanto profissionalmente, como na família, visa a maior valorização e transformação do lugar de opressão historicamente relegado às mulheres rurais.Abstract: This study aims to understand the social reproduction of rural women in family farming in the state of Santa Catarina, and how generational access to education impacts this process. To this end, the arborescence technique was used to map different profiles of rural women, with subsequent semi-structured interviews. Thus, the fieldwork took place in the Vale do Itajaí and Oeste mesoregions of the state, with rural women linked to the union of the National Federation of Family Farm Workers of Brazil (FETRAF) and the Peasant Women's Movement (MMC), respectively. The rural exodus is a historical phenomenon, in which predominantly female migration occurs throughout the country. This is due to factors such as the capitalist modernization of the countryside, which has reduced the workforce and increased land concentration, and the difference between female and male socialization in the countryside, which assigns domestic and care work to women and succession and management of the property to men. In addition, the lack of autonomy, access to income, and the devaluation of women's work, understood as \"help\", also lead to greater female migration. Furthermore, the expansion of the educational system has changed the epicenter of the social stratification system, with social groups now being valued for their educational credentials. Therefore, over time, family farming has come to value education, encouraging young women in particular to retrain, which sometimes leads them to migrate in search of further education. Regarding the field of this research, the interviewees, in different generations, see education as fundamental, whether for themselves or for their children and/or grandchildren. It is noticeable that, during their youth, third-generation women had great difficulty in accessing education. This may be due to the lack of schools offering education beyond primary school, close to their homes, or due to the sexist culture that sees women's higher education as a problem, and that they should remain in the role of housewives and caregivers. However, in recent years, when retired and/or with adult children, many of the interviewees sought to continue their studies through Youth and Adult Education (EJA) and even by enrolling in higher education. Among rural youth, there is a consensus on the search for more schooling, aiming to acquire higher education. In this context, education is a strategy used both for the reproduction and permanence in family farming, as well as an opportunity for professional reconversion, especially in the case of young women. Also among the interviews, trajectories involving movement between urban and rural environments are common, whether for work, study or exercising two professions simultaneously. Finally, the search for more schooling by rural women, both professionally and in the family, aims at greater appreciation and transformation of the place of oppression historically relegated to rural women.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política, Florianópolis, 2025.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/265611
Date: 2025


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