Análise dos comportamentos sociais, alimentares e reprodutivos dos cavalos-marinhos Hippocampus reidi, Ginsburg, 1933 em cativeiro

Abstract

A presente tese teve como objetivo analisar e compreender o comportamento do cavalo-marinho Hippocampus reidi em ambiente controlado, com foco nos aspectos sociais, alimentares, reprodutivos e na qualidade larval. Para a análise do comportamento social e alimentar, 20 cavalos-marinhos foram mantidos em aquários de 300 litros, equipados com divisórias de vidro removíveis. Esse sistema permitiu a formação de quatro aquários individuais de 75 litros para o isolamento dos peixes. Foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos comportamentos exibidos em duas condições experimentais (isolamento social e em grupo). Na condição em grupo, houve um aumento na duração da alimentação, no comportamento de segurar e ser segurado por outro cavalo-marinho (apoio), na intrusão (disputa entre dois ou mais machos por uma fêmea) e no passeio. Já no isolamento social, verificou-se um aumento na frequência do comportamento de reagrupamento. Além disso, os eventos relacionados à alimentação, apoio e intrusão foram mais frequentes na condição em grupo. O consumo alimentar dos peixes diminuiu em aproximadamente 50% quando em isolamento, em comparação com a condição de grupo. Para investigar como o sistema de pareamento influencia a qualidade das larvas, foram avaliados dois grupos experimentais: cinco pares de cavalos-marinhos formados de maneira forçada e cinco pares que se escolheram espontaneamente. O experimento contou com dez animais de cada sexo, inicialmente mantidos em um aquário de 300 litros (70 cm de altura x 30 cm de largura x 160 cm de comprimento). Após a formação dos pares, os casais foram transferidos para aquários individuais de 75 litros (70 cm de altura x 30 cm de largura x 40 cm de comprimento). Durante o período de agrupamento, foram analisados os comportamentos reprodutivos e a monogamia da espécie. A qualidade da prole foi avaliada por meio de testes de inanição, medições de peso e tamanho das larvas, além da contagem total de larvas, que foi correlacionada com o tamanho dos progenitores. Os resultados indicaram que apenas um dos casais formados de maneira forçada conseguiu se reproduzir, enquanto quatro dos cinco casais formados espontaneamente geraram descendentes, sendo que dois deles reproduziram mais de uma vez. Houve diferenças significativas no peso e no tamanho das larvas entre as desovas analisadas, porém, não foram observadas diferenças estatísticas nos testes de inanição, nem correlações entre a quantidade de larvas e o peso ou tamanho dos reprodutores. Os resultados dos experimentos sugerem que o isolamento social pode ter efeitos deletérios no bem-estar e na sobrevivência dos cavalos-marinhos, podendo até representar risco letal para a espécie. Além disso, a formação de pares de maneira forçada pode inibir a reprodução e comprometer a capacidade de gerar descendentes em cativeiro.

Abstract: The present thesis aimed to analyse and comprehend the behaviour of seahorses (Hippocampus reidi) in captivity, with a particular focus on social, feeding, and reproductive aspects, as well as larval quality. To examine social and feeding behaviour, 20 seahorses were maintained in 300-litre aquaria equipped with removable glass dividers. This system enabled the formation of four individual 75-litre aquaria, allowing for the isolation of the fish. Statistically significant differences were observed in behaviours exhibited under two experimental conditions: social isolation and group housing. In the group condition, there was an increase in feeding duration, the behaviour of holding and being held by another seahorse (support), intrusion (a competitive interaction among males for a female), and promenanding. Conversely, social isolation led to a higher frequency of regrouping behaviour. Additionally, feeding-related events, support, and intrusion were more frequent in the group condition. Food consumption decreased by approximately 50% when the seahorses were placed in isolation compared to the group setting. To investigate how the pairing system influences larval quality, two experimental groups were assessed: five pairs of seahorses formed through enforced pairing and five pairs that formed spontaneously. The experiment involved ten animals of each sex, initially housed in a 300-litre aquarium (70 cm height × 30 cm width × 160 cm length). Following pair formation, the seahorses were transferred to individual 75-litre aquaria (70 cm height × 30 cm width × 40 cm length). During the grouping phase, reproductive behaviours and monogamy were analysed. Larval quality was assessed through resistance test, weight and length measurements, and total larval counts, which were correlated with parental size. The results indicated that only one of the enforced pairs successfully reproduced, whereas four of the five spontaneously formed pairs produced offspring, with two pairs reproducing more than once. Significant differences were found in larval weight and size across the analysed offspring. However, no statistically significant differences were observed in the resistance test, nor were any correlations identified between the number of larvae and the weight or size of the reproductive individuals. The findings suggest that social isolation may have detrimental effects on the well-being and survival of seahorses, potentially posing a lethal risk to the species. Furthermore, enforced pairing may inhibit reproduction and compromise the ability to produce offspring in captivity.