Desaprendizagem organizacional e a gestão da inovação: uma análise no contexto do Poder Judiciário Brasileiro

Abstract

A gestão da inovação é um instrumento importante para melhorar a prestação de serviços ao cidadão e o desempenho das instituições públicas, enquanto a desaprendizagem organizacional é um elemento que alavanca a capacidade de inovar. A tese objetiva investigar a desaprendizagem organizacional na gestão da inovação no Poder Judiciário, com base em uma abordagem metodológica mista, envolvendo revisão da literatura, pesquisa documental e coleta de dados quantitativos e qualitativos, por meio de questionário, grupos focais e entrevistas. A pesquisa revelou que a gestão da inovação no Judiciário apresenta como aspectos favoráveis o reconhecimento da obsolescência de determinados conhecimentos e rotinas e a abertura para a assimilação do novo. Em contrapartida, desafios substanciais são identificados, como a resistência a mudanças e a falta de um processo sistemático de descarte intencional de práticas e conhecimentos ineficazes. A pesquisa permite inferir que fatores estruturais, como a sobrecarga de trabalho, os ciclos curtos de gestão e a rígida hierarquia representam fontes de resistência às mudanças e inibidores para que a desaprendizagem organizacional impulsione a gestão da inovação. Identificou-se uma fragilidade expressiva em relação à gestão da inovação, por não incorporar plenamente os preceitos da desaprendizagem organizacional, evidenciando um descompasso entre as intenções de inovação e a prática real das mudanças. Foi revelada uma predisposição cultural em favor da manutenção do status quo, em detrimento da experimentação e da adaptação às transformações necessárias. A tese propõe diretrizes relacionadas: à aprendizagem e ao conhecimento organizacional, com foco no desenvolvimento de um ambiente favorável à aquisição, compartilhamento e atualização contínua do conhecimento; à memória e ao esquecimento organizacional, que reforçam a importância de esquecer de forma intencional, liberando espaço para o novo; à mudança organizacional, que envolve a mitigação das resistências e o abandono de conhecimentos e rotinas ultrapassados, promovendo flexibilidade. A gestão da inovação é impulsionada pela desaprendizagem organizacional ao desintegrar intencionalmente conhecimento obsoleto, aceitar mudanças e fomentar a experimentação e a aceitação do erro como valores institucionais. São propostas ações como: a revisão metodológica; o estímulo à cocriação; a implementação de sandbox regulatório; o fomento do papel dos juízes como agentes de transformação; o realinhamento dos laboratórios e a disseminação da inovação para além desses ambientes; e a capacitação das lideranças e o reconhecimento de boas práticas que eliminem conhecimentos e rotinas obsoletos. Conclui-se que a gestão da inovação incorpora, ainda de forma incipiente, a desaprendizagem organizacional, e que uma maior ênfase nesse processo pode fortalecer a capacidade de inovação do Judiciário brasileiro.

Abstract: Innovation management is an important tool for improving the provision of services to citizens and the performance of public institutions, while organizational unlearning is an element that leverages the capacity to innovate. This thesis aims to investigate organizational unlearning in innovation management in the Judiciary, based on a mixed methodological approach, involving literature review, documentary research, and collection of quantitative and qualitative data, through questionnaires, focus groups, and interviews. The research revealed that innovation management in the Judiciary presents as favorable aspects the recognition of the obsolescence of certain knowledge and routines and the openness to the assimilation of new things. On the other hand, substantial challenges are identified, such as resistance to change and the lack of a systematic process for intentionally discarding ineffective practices and knowledge. The research allows us to infer that structural factors, such as work overload, short management cycles, and rigid hierarchy, represent sources of resistance to change and inhibitors for organizational unlearning to drive innovation management. A significant weakness was identified in relation to innovation management, as it does not fully incorporate the precepts of organizational unlearning, evidencing a mismatch between the intentions of innovation and the actual practice of changes. A cultural predisposition in favor of maintaining the status quo, to the detriment of experimentation and adaptation to necessary transformations, was revealed. The thesis proposes guidelines related to: organizational learning and knowledge, with a focus on developing an environment favorable to the acquisition, sharing and continuous updating of knowledge; organizational memory and forgetting, which reinforce the importance of intentional forgetting, freeing up space for the new; organizational change, which involves mitigating resistance and abandoning outdated knowledge and routines, promoting flexibility. Innovation management is driven by organizational unlearning by intentionally disintegrating obsolete knowledge, accepting changes and encouraging experimentation and acceptance of error as institutional values. Actions such as methodological review; encouraging co-creation; the implementation of a regulatory sandbox; the promotion of the role of judges as agents of transformation; the realignment of laboratories and the dissemination of innovation beyond these environments; and the training of leaders and the recognition of good practices that eliminate obsolete knowledge and routines. It is concluded that innovation management incorporates, albeit incipiently, organizational unlearning, and that a greater emphasis on this process can strengthen the innovation capacity of the Brazilian Judiciary.