Eficácia e reações adversas de plantas da família Lamiaceae no tratamento da leishmaniose tegumentar em modelos murinos: uma revisão sistemática da literatura

Abstract

As plantas da família Lamiaceae têm demonstrado potenciais efeitos antimicrobianos em estudos pré-clínicos. Em alguns países como na China e em alguns países da África, essas plantas têm sido utilizadas na medicina tradicional. A planta e seus derivados têm sido amplamente investigados na pesquisa de novos compostos no tratamento da leishmaniose, visto que o tratamento habitual é limitado por apresentar efeitos adversos graves e falhas terapêuticas. Neste estudo, foi realizada uma revisão sistemática com o objetivo de sintetizar as evidências sobre a eficácia e efeitos adversos do uso de derivados de plantas da família Lamiaceae para o tratamento de leishmaniose tegumentar (LT) em modelos murinos. Para isso, foi seguida a recomendação PRISMA. A busca por estudos originais foi realizada em cinco principais bases de dados e no Google Scholar (até abril de 2022, atualização em dezembro de 2023). Os descritores e operadores booleanos foram aplicados para cada base de dados. Os estudos foram selecionados por dois autores de forma cega. Os dados foram extraídos de forma independente para um formulário padrão. A qualidade dos estudos e o nível de evidência foram avaliados cegamente pela ferramenta SYRCLE e pelo sistema GRADE. Ao todo foram recuperados 1.167 estudos de todas as bases de dados, e nove registros foram incluídos nesta revisão sistemática. Das nove plantas investigadas, sete plantas da família Lamiaceae apresentaram efeito promissor no tratamento da LT em modelos murinos: Hyssopus officinalis, Salvia mirzayanii, Vitex agnus-castus, Thymus vulgaris, Origanum sipyleum, Tetradenia riparia e Plectranthus amboinicus. Os extratos aquosos e alcoólicos das folhas foram as formulações mais testadas, assim como incorporadas em pomadas, e também foram utilizados óleos essenciais. O protocolo de tratamento foi realizado após aparecimento da lesão, visto que essa foi o principal material biológico estudado para avaliação da carga parasitária, acompanhamento do tamanho e cicatrização completa desta. As plantas da família Lamiaceae, principalmente aquelas que possuem terpenóides em sua composição, apresentaram potencial terapêutico anti-Leishmania em modelos murinos, com limitações quanto à dose terapêutica e cicatrização completa da lesão. As reações adversas não foram relatadas, e merecem ser melhor investigadas. Esta família de plantas é promissora do ponto de vista da área farmacêutica para a busca de novas substâncias com potencial leishmanicida.

Abstract: Plants from the Lamiaceae family have demonstrated potential antimicrobial effects in preclinical studies. In some countries, such as China and some African countries, these plants have been used in traditional medicine. The plant and its derivatives have been widely investigated in the search for new compounds in the treatment of leishmaniasis since the usual treatment is limited by presenting serious adverse effects and therapeutic failures. In this study, a systematic review was carried out to synthesize the evidence on the efficacy and adverse effects of using derivatives of plants from the Lamiaceae family for the treatment of cutaneous leishmaniasis (TL) in murine models. To this end, the PRISMA recommendation was followed. The search for original studies was carried out in five main databases and Google Scholar (until April 2022, updated in December 2023). Boolean descriptors and operators were applied to each database. The studies were selected by two authors blindly. Data were independently extracted into a standard form. The quality of the studies and the level of evidence were blindly assessed by the SYRCLE tool and the GRADE system. In total, 1,167 studies were retrieved from all databases, and nine records were included in this systematic review. Of the nine plants investigated, seven plants from the Lamiaceae family showed promising effects in the treatment of TL in murine models: Hyssopus officinalis, Salvia mirzayanii, Vitex agnus-castus, Thymus vulgaris, Origanum sipyleum, Tetradenia riparia, and Plectranthus amboinicus. Aqueous and alcoholic extracts of the leaves were the most tested formulations, as well as incorporated into ointments, and essential oils were also used. The treatment protocol was carried out after the appearance of the lesion since it was the main biological material studied to evaluate the parasite load, monitor its size, and complete healing. Plants from the Lamiaceae family, especially those that have terpenoids in their composition, showed anti-Leishmania therapeutic potential in murine models, with limitations regarding the therapeutic dose and complete healing of the lesion. This family of plants is promising from a pharmaceutical perspective for the search for new substances with leishmanicidal potential.